22/08/2023

Só muda o endereço!

Chego ao último dia desta temporada em Fortaleza, o lugar que seus moradores denominam de a “cidade da alegria”.  Com uma orla marítima de beleza indescritível, com suas praias de águas límpidas, uma vida cultural que oferece opções para todos os gostos, uma gastronomia de dar água na boca, Fortaleza atraiu também guarapuavanos, como o meu sobrinho Frederico, médico que coordena o “Mais Médico” em todo o estado do Ceará, e Walquiria Bezerra a quem, eu e Orlando tivemos o prazer de reencontrar. Walquiria é misto de artista, arte-terapeuta, pesquisadora, uma guerreira que, literalmente, conseguiu o seu lugar ao sol.

Andando pelo Calçadão no centro da cidade é possível saborear frutos do mar, acompanhado por uma cerveja estupidamente gelada, ouvindo a canção do mar, o barulho do vento no balançar das palmeiras.

Fortaleza é notívaga. Basta o sol se por e aqui ele encontra o horizonte às 16h30 para retornar às 5 horas da manhã seguinte, para que o povo ganhe as ruas, movimente os bares, tome conta das barracas, da feira de artesanato. No brega, onde o forró acontece, só tem hora para começar.

Durante os sete primeiros dias me entreguei ao sol  e ao mar, como filha de Iemanjá que sou. Para o Orlando uma barraca, uma cerveja gelada e muita sombra é o que basta.

Mas com um olhar mais apurado sobre a vida urbana da cidade foi possível ver que os problemas são os mesmos que enfrentamos em Guarapuava: manifestação de estudantes pelo passe livre, violência, drogas, miséria, protestos contra a corrupção, problemas de mobilidade.

Fortaleza possui 3,5 milhões de habitantes, além da população itinerante que já começa a aumentar atraídos pelo réveillon, considerado o segundo do Brasil, perdendo apenas para a carioca Copacabana.  O governo já prepara a estrutura de shows à beira da praia. Fortaleza estará ainda mais linda. Com um mar deslumbrante, palmeiras a cantar provocadas pelo vento, enquanto as jangadas içam as velas  na colônia de pescadores da bela Mucuripe. Descrever as belezas das praias por onde andei é uma missão impossível. Mas  o contraste entre a magia da natureza que privilegia e os problemas políticos que esconde por entre as favelas da miséria humana, em todos os sentidos, me faz crer que nessa seara tudo é igual. Só muda o endereço.

Cristina Esteche

Jornalista

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