22/08/2023

Só não vê quem não quer

Só não vê quem não quer.  A relação "educação e caos" é cada vez maior. Vamos por parte.  O Programa do Governo Federal ‘Pátria Educadora’ naufraga. O discurso é bonito, mas não há vontade efetiva e objetiva de educação enquanto um projeto maior. Aqui no Paraná, nem discurso existe. O que existe é repressão, cinismo, indiferença e golpe. O Governo Paranaense precisa do dinheiro guardado do Professor para sobreviver e os proprietários deste dinheiro não confiam neste Governo.  O resultado de tudo isto é que o Governador Beto Richa e seus coadjuvantes estão liquidados e os Professores lideram um grande movimento que pode, futuramente, salvar o Paraná. Dá tempo?

O sonho de um projeto educacional eficiente está cada vez mais distante. O Programa ‘Pátria Educadora’  deveria levar em conta uma proposta de “pensar o Brasil para 50 anos”.  Fica a pergunta: como imaginar em 2065 uma pátria com uma educação mínima e garantida com este tipo de ação governamental? É lamentável, mas nossos atuais homens públicos não conseguem pensar um projeto de educação que ajude o País. O que se vê é um projeto de poder. Nisto são bons.

Por outro lado, apesar de justa e necessária, as mobilizações ainda deixam a desejar. Infelizmente elas têm um poder limitado e quase sempre são mal conduzidas. As adesões ainda são baixas porque nossa mobilização política, em geral, é muito baixa. Dois casos emblemáticos de nossa história colaboram para isto.  Há um registro de que Talleyrand-Périgord, famoso ministro de Napoleão, discursou que não podia chover, porque se chovesse a consciência política da população se dissolveria rapidamente.  Com a mesma determinação, tivemos a declaração de Dom Pedro II, visitando a Bahia no século XIX: “o brasileiro é fácil de inflamar e difícil de manter aceso”. 

Felizmente nossa política ou nossa forma de conceber a política está ‘pare e passo’ deixando de ser romântica.  Em que pese mudanças substanciais em nosso agir político, quase sempre a reação da maioria dos brasileiros à política ainda é recheada de romantismo. Temos muita dificuldade com a organização política, com aquela que funciona de verdade.

A saída rápida seria nos livramos do fundamentalismo do pensamento, seja de esquerda ou de direita. Quando pensa-se só em um aspecto político, em um aspecto do conhecimento, torna-se literalmente um fundamentalista.  Estamos aprisionados em fundamentalismos e em fundamentalistas. O pensamento fundamentalista nasce quando não se tem mais contato com o todo, olhando-se apenas para um aspecto do mundo. Ora, é muito importante que a oposição faça oposição e critique, mas é também necessário perguntar à mesma o que ela está propondo para colocar no lugar.

Particularmente não tenho esperança em pessoas isoladas, mesmo que bem intencionadas e decentes. Tenho, dia a dia, perdido a crença em esperanças messiânicas, pois quase sempre são reféns de estruturas já determinadas.  O que fazer? 

Cristina Esteche

Jornalista

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