Depois de um dia cheio de trabalho, estudo, filhos, boletos e outras correrias do dia a dia, chegar em casa e poder dormir, é um alívio. No entanto, o momento de bons sonhos pode se tornar um pesadelo. Isso porque, as noites mal dormidas impactam diretamente na qualidade de vida.
Uma pesquisa feita pela Associação Brasileira do Sono mostrou que 65% dos brasileiros têm problemas com a qualidade de sono. Entre os vilões, o ronco é o mais citado com 25% das queixas. Além disso, o ronco também é a terceira maior causa de divórcios ao redor do mundo. Conforme o estudo do Centro de Distúrbios do Sono do Rush University Medical Center, o ronco fica atrás da infidelidade e problemas financeiros, no ranking das separações.
Em um dos casais estudados, a pesquisa revelou que a “eficiência do sono” da esposa que dormia com o marido roncador, era de apenas 73%, sendo que o normal é de 85% para cima. Cada ronco que acorda o parceiro, diminui quatro minutos de sono interrompido.
O otorrinolaringologista especialista em medicina do sono, Fernando Cesar Mariano, reforça que neste momento é que crescem as chances do divórcio e dos conflitos conjugais. “Inclusive, também sobem as chances de um acidente de trânsito, pois as pessoas podem dormir no volante ou provocar acidentes de trabalho”.
Os roncos podem ser problemas de noites anteriores. Longe do que muitas pessoas acreditam, o problema tem tratamento. “Tem os tratamentos conservadores, não cirúrgicos e também as cirurgias. Uma dessas cirurgias que a gente chama de faringoplastia”.
CAMPANHA
Dessa forma, os especialistas dedicaram o mês de março para intensificar o alerta sobre os problemas do sono. Mesmo que o mês esteja no fim, a pauta ainda influencia em uma melhora de vida durante todo o resto do ano. Já que cada vez mais os brasileiros têm dormido menos, com uma média de seis horas por dia, duas a menos do que o recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
De acordo com o otorrinolaringologista, Fernando Cesar Mariano, as pessoas que dormem pouco têm maior chance de ter ansiedade, depressão e tendência suicidas.
Porque há uma ativação do sistema nervoso autônomo simpático. Ou seja, aumento de adrenalina e cortisol no nosso organismo é muito mais do que nas pessoas que dormem bem. Temos uma tendência a um prejuízo no julgamento. As pessoas começam a tomar decisões mais precipitadas, a ter um viés emocional, a interpretar as emoções neutras como negativas, passando também por problemas de memória e concentração.
Além disso, há também problemas físicos, como os cardiovasculares, de infarto, derrames cerebrais. Como também problemas metabólicos, intolerância a glicose. O especialista ainda explica que os que dormem menos triplicam o risco de morte súbita. E também pode aumentar a chance de câncer.
É importante frisar que não só a quantidade, mas a qualidade do sono também importa. Geralmente a pessoa percebe isso quando acorda com aquela sensação de que não dormiu bem. Ronco frequente a aumenta a chance também de ter apneia do sono. Assim, essa dupla acaba causando múltiplos despertares durante a noite e deixa o sono mais superficial.
Para encontrar o problema, o médico explica que a investigação pode ser feita com a polissonografia. Dessa forma, o profissional consegue quantificar a qualidade do sono. “Então a gente consegue ver as múltiplas fases do sono, se ele está realmente tendo um um sono mais profundo”.
MAIORES CHANCES
O ronco é mais frequente entre homens, a partir dos 50 anos, com obesidade e alterações faciais. Por exemplo, o queixo mais recuado, língua volumosa, amígdalas aumentadas e desvios de septo nasal.
Por isso, é importante que as pessoas ao redor, que perceberem o ronco, alertem para que o paciente procure ajuda médica. Principalmente quando o barulho é alto, estridente ou interrompido por pausas na respiração.
RECOMENDAÇÕES
As dicas da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial para ajudar as pessoas a dormir melhor e ter sono de qualidade são:
- Fazer atividade física regular.
- Ter alimentação adequada, com comidas leves no jantar, para ter uma noite de sono mais tranquila e sem interrupções.
- Não consumir alimentos à base de cafeína, como chá preto, café e refrigerante à base de cola.
- Evitar o consumo excessivo de bebidas alcoólicas.
- Não fumar.
- Perder peso, no caso de pacientes com obesidade.
- Adotar práticas de higiene do sono, como evitar telas durante a noite. Celulares, tablets e televisores devem ser desligados pelo menos uma hora antes de se deitar.
- Ler fora da cama, pois ajuda a embalar o sono.
- Dormir no quarto escuro.
- Praticar meditação pode facilitar a preparação para o sono.
(*Com informações da Revista Superinteressante)
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