Parece que virou o esporte preferido em alguns círculos de Guarapuava: tentar decifrar o meu espectro político. Sou de esquerda? Sou de direita? A cada matéria que publico, a cada fonte que entrevisto, a cada evento que cubro, imagino um pequeno tribunal se formando nas redes sociais, com juízes anônimos prontos para carimbar a minha testa com o rótulo da vez.

Eu! (Foto: assessoria parlamentar deputado Alexandre Curi)
É um exercício fascinante de se observar.
Se hoje converso com um líder do agronegócio, pronto: sou de direita, defensora do capital. Mas se amanhã dou voz a uma demanda de um sindicato, mudei de lado: virei uma esquerdista ferrenha. E se ando pelos corredores da Prefeitura, da Assembleia e de outros espaços de poder, sou governista. Quando publico uma crítica à gestão, seja ela qual for, sou oposição. A cada clique, uma nova identidade, um novo selo atribuído por quem, na maioria das vezes, eu sequer conheço.
Enquanto esse pessoal perde tempo com o joguinho de adivinhação, deixem-me contar quem eu realmente sou, para além das suas caixinhas apertadas. Sou guarapuavana, com o pé fincado neste chão de pinhão. Sou jornalista, mãe e avó. Tenho um passado político do qual me orgulho, uma trajetória profissional construída com meu próprio nome e suor.
EU SOU EU!
E já que estamos no divã da política local, vamos deixar algo bem claro: a trajetória dos meus irmãos não fala por mim. Mas que não reste dúvida: a minha história, as minhas escolhas, os meus erros, os meus acertos e as minhas palavras são de minha única e exclusiva responsabilidade.
Tenho um passado do qual me orgulho, uma trajetória construída não por conveniência ou associação, mas com meu próprio nome e com o meu próprio suor.
E já que o debate é sobre identidade, que fique ainda mais claro. Cada um faz as próprias escolhas; eu fiz as minhas. Convivo com a fina ironia e muito orgulho de carregar um sobrenome que, para a cidade, já virou sinônimo de uma divisão ideológica própria. E como me orgulho de carregar esse legado dos meus antepassados.
Um nome que o imaginário popular ora joga para a esquerda, ora para a direita, dependendo de quem o pronuncia. Afinal, temos familiares que defendem a direita com o mesmo fervor. E está tudo certo!
Minha bússola, portanto, não aponta para a esquerda ou para a direita. Ela aponta para a notícia. Meu trabalho exige que eu esteja onde o poder está, seja ele qual for. Ora estou aqui, ora estou lá, sim! E confesso, tenho um vício. Se o jornalismo é a minha cachaça, a política é o meu vício. É uma necessidade de entender, de desvendar, de mostrar os vários lados de uma mesma moeda. Tenho meus ideais, e me orgulho muito deles, mas o principal é o compromisso com a informação.
QUE PREGUIÇA!
Por isso, quando vejo alguém que nunca dividiu um café comigo, que não faz ideia das minhas lutas diárias para fechar uma pauta, para contemplar a minha equipe, honrar compromissos, me atribuindo uma pecha qualquer, eu não sinto raiva. Eu olho com um certo desprezo.
Não é um desprezo arrogante. É o desprezo que a gente sente pela preguiça intelectual. É a repulsa pela mania de simplificar o que é complexo, de achatar pessoas em estereótipos para que caibam em narrativas pobres.
Então, podem continuar tentando me decifrar com seus manuais ultrapassados. Esquerda? Direita? Eu sou de Guarapuava. Sou jornalista, sou empreendedora na área de comunicação. Portanto, acima de tudo, sou do lado da notícia. E essa, meus caros, não tem partido.
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