O Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar) prestará consultoria para o processo de produção da vacina antirrábica fabricada em El Salvador. O convite foi feito pela Organização Pan-americana de Saúde (Opas) – braço americano da Organização Mundial da Saúde (OMS) – para que o instituto faça a due diligence da linha de produção, um processo de investigação e auditoria das informações pelo qual potenciais compradores ou investidores podem confirmar dados disponibilizados pelas empresas.
“Já vínhamos, com intervenção da Opas, apoiando e controlando lotes de vacina produzidos por países da América Latina e Caribe, além de realizarmos doações de insumos para produção de vacina antirrábica veterinária para a Bolívia”, disse Julio Salomão, diretor de Biotecnologia Industrial do Tecpar. “Agora, eles querem um grupo técnico nosso para fazer uma espécie de auditoria de todo o processo produtivo, desde a matéria prima até o produto final”, explica.
O processo de produção utilizado em El Salvador ainda segue o método Fuenzalida y Palacio, tecnologia também de domínio do Tecpar.
O Tecpar já esteve próximo, anteriormente, das atividades da Opas, com treinamento e intercâmbio de pessoal, além de atividades de campo em outros países. Entretanto, esse relacionamento foi interrompido por conta de modificação na política de tratamento com os países por parte da organização internacional.
“Agora, retomaram esse procedimento de usar a competência e a expertise de países mais desenvolvidos no setor, como Brasil, Chile e Colômbia, quando se fala em vacina contra raiva, para apoiar países ainda em fase de implantação ou desenvolvimento da produção da vacina”, comenta Salomão. Ele prevê que a primeira delegação do Tecpar esteja em El Salvador para atuar nessa consultoria de produção e controle nos próximos 60 dias.
CULTIVO CELULAR
O Tecpar produz a vacina antirrábica pelo método do cultivo celular. Para isso, desenvolveu um processo inédito denominado "perfusão", que valoriza muito o produto. O novo método permite a obtenção de um produto mais puro e capaz de induzir maior produção de anticorpos, sendo mais seguro para os animais por não provocar efeitos colaterais.
Todas as vacinas produzidas pelo Instituto são entregues ao Ministério da Saúde. O contrato assinado entre as partes prevê o fornecimento de um lote de 10 milhões de doses, embora o Tecpar esteja pronto para oferecer um lote com até 40% mais de doses, pela capacidade que os laboratórios do instituto comportam. Por isso, independente do contrato, a produção da vacina antirrábica continuará acelerada, para que, ainda 2014, conforme acordado com o Ministério, sejam produzidas e entregues mais 20 milhões de doses.