22/08/2023

Tem razão quem se revolta

Na última sexta feira, bastante atento, participei como ouvinte da mesa redonda que trazia como título: “A reforma política no contexto das greves da educação”.  Minha curiosidade maior era, além de aprender um pouco mais, confirmar a qualidade daqueles que se propuseram a debater este importante tema em nossa Universidade. Não me decepcionei.  Os protagonistas sabiam o que estavam falando e, em especial, saí convencido de que temos no Paraná um Deputado Federal diferente, representante em essência.   

Embora o ambiente estivesse repleto de pessoas irredutíveis às verdades que já sabiam, foi uma boa oportunidade para se constatar que caminhamos para um norte de mais espíritos livres que espíritos engessados ou cabresteados.

Embora a utopia ainda prevaleça neste tipo de encontro, é comum ver pessoas com alta dose de ceticismo quando o assunto é o aperfeiçoamento de nossas regras no mundo político.  A verdade é que há poucas saídas e estas brechas correm o risco de serem obstruídas pelo pragmatismo político, por interesses privados e menores e pela desunião daqueles que poderiam estar mais próximos e engajados.

Vive-se uma cultura de profundas contradições onde aqueles que nunca defenderam políticas sociais, agora por conveniência e oportunismo, se vêem na obrigação de decorar discursos em nome do social.  Na mesma proporção, aqueles que em outros tempos defenderam políticas sociais mais inclusivas, se vêem na obrigação partidária de votar em favor de um neoliberalismo que se coloca como necessário.  Dito de outra forma, Gregos defendendo causas de Troianos e Troianos defendendo causas de Gregos.  Uma verdadeira Babilônia. Elogiável até aqui o desempenho do jovem Deputado Aliel Machado.  Faço votos que sobreviva neste cenário autoritário, recheado de populismo e hipocrisia dos dois síndicos do País, Renan Calheiros e Eduardo Cunha que, por interesses políticos, jogam contra o Brasil.

Assim, ousamos questionar. Honestamente, em se tratando de política, em que você acredita? O que você espera? Confesso que tem razão quem se revolta, pois o momento está mais mórbido que vivo. Mesmo de quem se espera algo diferente, a realidade se impõe de maneira impositiva e a estratégia do esvaziamento e da indiferença política ganha mais adeptos do que a militância em si.

Sabe-se que Sartre, já próximo do fim, cansou de esperar que o então ‘partido comunista’ que ele um dia apoiou, se consertasse. Aqui, muitos que avalizaram ou avalizam partidos políticos caminham na mesma direção.  Assim tem razão quem se revolta contra o governo maior e também contra aqueles que querem derrubar o mesmo governo. Em nosso Estado, ainda não vimos tudo e estamos longe de ver encerrado o conflito entre governados e governantes na problemática educacional que deixa o paranaense atônito. Quem cai antes? O Governo Beto Richa ou o movimento grevista? Ou quem tem mais condições de empurrar quem para o buraco?

O Governador não tem argumentos, mas sim denúncias contra si próprio que podem atolá-lo ainda mais. Ao mesmo tempo, questiona-se o grau de resistência daqueles que lutam, daqueles que quase lutam e da sociedade em geral que vê em tudo isto um prejuízo quase irrecuperável.

 

Cristina Esteche

Jornalista

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