22/08/2023
Guarapuava Segurança

Testemunha diz que Rodolpho estava bêbado e parecia drogado

Defesa diz que segurança de boate não diz a verdade. Acusação pedirá pena máxima. Julgamento deve terminar por volta das 19h

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Defesa diz que segurança de boate não diz a verdade. Acusação pedirá pena máxima. Julgamento deve terminar por volta das 19h (Foto: Arquivo/RSN)

O julgamento de Rodolpho Scherner Neto começou por volta das 9h10 desta terça (18) com o depoimento da primeira testemunha da acusação. Entretanto, o júri popular começou sem a presença do réu por determinação da juíza Suzan Nataly Dayse Perez da Silva. De acordo com a magistrada, as testemunhas têm o direito de falar sem a presença do réu.

Rodolpho está sendo julgado pela morte de Filomena Schepansky de 70 anos, em 12 de janeiro de 2020. O réu encontra-se preso desde o dia seguinte ao atropelamento fatal na avenida Moacir Silvestri em Guarapuava. Entretanto, entre as cinco testemunhas ouvidas pela manhã, a mais contundente foi a do segurança de uma boate onde Rodolpho foi antes do atropelamento. Ele disse que trabalha na noite há mais de 20 anos e que sabe quando uma pessoa consumiu bebida alcoólica e droga.

“Eu trabalhava lá na zona que fica aberta das 20h às 4h. Mas naquela noite fechou por volta da 1h. As meninas quiseram ir pra MUV e eu fui junto, mas elas encontraram uns caras e foram pra frente. Eu voltei lá pra boate”. Conforme o segurança, quando chegou no local, Rodolpho e outros três amigos estavam dentro do carro em frente a boate. “Todos estavam com copo nas mãos. E o Rodolpho chegou me ofereceu um gole. Eu não quis e aí ele perguntou das meninas. Como o gerente estava lá, ele disse que elas tinham ido embora”. De acordo com a testemunha, Rodolpho estava desorientado, com o corpo mole.

Eu sei quando uma pessoa está ‘moiada’ e ele [Rodolpho] parecia estar ‘virado’ uns três dias. Então eu entrei na guarita, já que dormia lá. Mas eu ouvi quando o Rodolpho disse para os outros: esse cara está demorando pra trazer a droga. Vamos embora.

Conforme o segurança, em seguida o réu saiu em alta velocidade. “Achei que ele ia se matar ali mesmo. Me assustei do jeito que ele saiu”. Segundo a testemunha, “uns 10 minutos depois chegou um Gol Branco, o motorista buzinou e o gerente da boate conversou com ele”.

CONTRAPONTO

O advogado de defesa, Allan Quartiero, contestou afirmações feitas pelo segurança. Ele questionou por que o gerente da boate não foi mencionado por ele durante o depoimento na polícia. De acordo com o advogado, essa pessoa seria importante ter sido ouvida nos autos.

Todavia, o segurança disse que falou sobre o gerente. Mas Allan avisou que tem áudios e vídeos que serão mostrados durante as alegações. De acordo com Allan, o segurança “está faltando com a verdade”.

OUTROS DEPOIMENTOS

Durante a parte que cabe à acusação, outras quatro testemunhas foram ouvidas. A tônica desses depoimentos se pautou desde a vinda do carro, uma BMW, em alto velocidade até a chegada do Samu para socorrer a vítima. Conforme as informações, Filomena ainda estava vida, mas não resistiu aos ferimentos e morreu em seguida. Conforme um dos depoentes, Filomena dizia que “ia morrer. Ela estava com fratura expostas nas duas pernas”.

Segundo esse depoimento, Rodolpho não prestou socorro, mas com as duas mãos na cabeça dizia:

Você não vai morrer tia. Não vai vai morrer. Depois pegou a BMW e saiu cantando os pneus por cima do canteiro, em alta velocidade. Ele estava agitado, mas não era nervosismo pelo acontecido, mas estava estranho, agitado. Não era só embriaguez pela postura que ele estava. E tinha um rapaz junto com ele.

De acordo com a primeira testemunha, amiga da vítima, aos domingos, ela sempre aguardava Filomena e a irmã Maria para juntas irem à missa na Igreja Santa Terezinha. Naquele domingo, por volta das 7h40, ela aguardava as duas amigas para irem à missa. “Eu vi quando um carro em alta velocidade veio da rótula na frente da Havan, pulando os canteiros e atingiu a Filó, que foi jogada na rua. Ela e a Maria estavam na ciclovia”.

As outras testemunhas que se seguiram também deram detalhes do atropelamento. Contudo, todas confirmam a versão de que Rodolpho dirigia em alta velocidade e que não prestou atendimento à vítima.

TESTEMUNHA DE DEFESA

A única testemunha, ouvida como informante, arrolada pela defesa, estava com Rodolpho no momento do atropelamento. Ele disse que por volta da meia-noite estava indo para casa quando encontrou com o réu. Ele confirmou que Rodolpho e mais pessoas estavam bebendo uísque com energético. “Saímos e fomos para um lugar. Até eles perguntaram se tinha alguma menina. Era madrugada já”.

Conforme a testemunha, Rodolpho disse que estava com problema e que não podia tomar bebida alcoólica. “Ele disse que não pode podia beber porque daria vontade de consumir droga. A gente ouve bastante falar que ele usa droga, mas eu nunca vi”.

De acordo com o informante, Rodolpho não estava em alta velocidade. “A gente estava conversando dentro do carro, bem tranquilo”. Depois que saíram da boate foram até a MUV. “Encontramos algumas meninas e duas saíram com a gente. Fui pegar o meu carro no Box e fomos pra casa dele [Rodolpho]. Eu fui para o quarto com uma delas. Mas depois fomos levá-las para casa e conversamos normalmente”. Ele disse que não percebeu nada de anormal no amigo. “Na volta eu estava mexendo no celular e só ouvi ele dizer: Meu Deus e aí aconteceu o acidente”.

Conforme o informante, ele chamou o Samu a pedido do Rodolpho. “Ele estava ao lado da mulher e quando começou a chegar muita gente, ele saiu. Mas pediu pra eu ficar prestando socorro”.

TESES

A banca de defesa composta pelos advogados Allan Quartiero, Jorge Adir Neves Junior e Jair Gavino Filho contam com duas testemunhas de defesa. Entretanto, uma delas foi dispensada. Conforme Allan, a defesa não vai busca a vitória.

Queremos uma condenação justa. Neste julgamento não irá ter vitorioso ou perdedor, vamos buscar a aplicação da lei de modo específico.

Eles vão tentar que a pena de Rodolfo seja por homicídio culposo. Ou seja, assume o risco de matar. Todavia, a acusação quer a condenação por homicídio doloso simples. “Queremos a pena máxima”, disse a assistente de acusação Chaiany Santino, que é de 6 a 30 anos. Também atua na acusação o advogado Santino Ruchinski, de Cascavel. A promotora é Laryssa Santos. A previsão é que o julgamento termine por volta de 19h de hoje.

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Cristina Esteche

Jornalista

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