22/08/2023
Cotidiano Em Alta Meio Ambiente

Tornado no PR deve servir como alerta de “desespero e urgência”, diz especialista

Tragédia em Rio Bonito do Iguaçu, que deixou 6 mortos e 750 feridos, ocorre no momento em que líderes globais discutem o clima em Belém

Imagem aérea mostra destruição de Rio Bonito Iguaçu (Foto: Jonathan Campos/AEN)

O tornado F2 que devastou a cidade de Rio Bonito do Iguaçu na noite de sexta (7), deixando seis mortos e 750 feridos no estado, repercutiu entre especialistas que acompanham a Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), em Belém. Para eles, a tragédia é mais uma prova da necessidade de ações concretas e investimentos urgentes para lidar com os extremos climáticos.

O secretário-executivo do Observatório do Clima, Márcio Astrini, defendeu que o desastre no Paraná deveria servir como um alerta de “desespero e urgência” para as autoridades reunidas na conferência.

“O que aconteceu no Paraná, que é triste e grave, é mais uma repetição do que vem acontecendo não apenas no Brasil, como no mundo inteiro também”, destacou Astrini. Ele criticou o fato de que, muitas vezes, “a reunião fica impermeável ao mundo real” e disse esperar que o presidente Lula cite a tragédia paranaense em seu discurso oficial.

MUDANÇAS CLIMÁTICAS E EVENTOS EXTREMOS

Especialistas explicam que, embora tornados não sejam causados apenas pelas mudanças climáticas, o desequilíbrio do clima pode torná-los mais frequentes e intensos.

“As mudanças climáticas […] aumentam a energia, causando o aquecimento da atmosfera e também dos oceanos. Esse aumento do calor provoca também o aumento da umidade. […] Mais calor e mais umidade servem quase como um combustível para esses eventos meteorológicos extremos”, explicou a oceanógrafa Renata Nagai, pesquisadora da USP.

O professor Michel Mahiques, também da USP, reforça que esse tipo de fenômeno pode se tornar mais comum. “Com as mudanças climáticas, essas diferenças [de temperatura e pressão] se intensificam, e a possibilidade de ocorrer eventos extremos como esse aumenta”, disse.

PRESSÃO POR FINANCIAMENTO

A tragédia no Paraná ocorre no mesmo dia em que terminou a Cúpula de Líderes da COP30. Para Carlos Rittl, da Wildlife Conservation Society, eventos recentes como este e furacões na Ásia e Caribe impõem uma “responsabilidade muito grande” ao Brasil na presidência da conferência.

Uma das principais discussões em Belém é justamente o financiamento para adaptação. Everaldo Barreiros, professor de meteorologia da Universidade Federal do Pará (UFPA), afirmou que é preciso preparar as cidades para impactos que já são “inevitáveis”. “É preciso colocar na mesa dos políticos de que esse mapeamento já foi feito pelos cientistas. […] E para fazer essa preparação, é obrigatório ter recurso financeiro”, disse Barreiros.

Os especialistas são unânimes. Além de cortar emissões, os municípios precisam de investimentos urgentes para aumentar a capacidade de lidar com eventos extremos, que estão cada vez mais comuns.

*Com Agência Brasil

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Thiago de Oliveira

Jornalista

Jornalista formado pela Universidade Estadual do Centro-Oeste. @tdolvr

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