22/08/2023
Cotidiano Em Alta Região

Tornado que atingiu Guarapuava é reclassificado como F4

É a primeira vez que dois tornados F4 atingem a América do Sul no mesmo dia desde 2009. Análise do Prevots aponta que ventos arrancaram 80% da vegetação e arremessaram contêiner por 165 metros

Comunidade do Assentamento Nova Geração já limpou parte dos destroços deixados pelo tornado (Foto: Thiago de Oliveira/RSN)

A destruição causada pelo tornado no dia 7 de novembro em Guarapuava foi provocada por um fenômeno ainda mais violento do que se imaginava. Uma nova análise técnica conduzida pelo grupo de meteorologia Prevots, com apoio de especialistas do Serviço Nacional de Meteorologia dos Estados Unidos (National Weather Service), elevou a classificação do tornado que atingiu a região do Assentamento Nova Geração de F3 para F4 na escala Fujita.

Essa escala mede a intensidade dos tornados baseada nos danos causados. A classificação F4 indica um tornado “violento e devastador”, com ventos que variam entre 267 e 322 km/h.

EVIDÊNCIAS DE DESTRUIÇÃO EXTREMA

Para chegar a essa conclusão, os especialistas analisaram os danos em campo. Conforme o Prevots, foram encontrados pontos onde mais de 80% da vegetação densa e nativa foi arrancada, com remoção até de fragmentos de solo.

Imagens mostram antes e depois da vegetação que rodeia a entrada do Assentamento Nova Geração (Foto: Thiago de Oliveira/RSN)

O dado mais impressionante, no entanto, envolve uma estrutura pesada: um contêiner comercial de grande dimensão foi arremessado a uma distância de cerca de 165 metros pela força do vento. “Estas evidências garantem a elevação da intensidade deste tornado de F3 para F4”, afirmou o grupo em nota.

FENÔMENO HISTÓRICO

Além de Guarapuava, o tornado que devastou 90% de Rio Bonito do Iguaçu também foi classificado como F4. Lá, colunas de concreto armado foram torcidas e árvores foram “descascadas”.

O registro simultâneo desses dois eventos coloca o dia 7 de novembro de 2025 na história climática do continente. É a primeira vez que dois tornados violentos (F4) são documentados no mesmo dia na América do Sul desde 7 de setembro de 2009, quando uma onda de tornados atingiu a Argentina e Santa Catarina (Guaraciaba).

DECRETO DE EMERGÊNCIA

Diante da gravidade do cenário, o prefeito de Guarapuava, Denilson Baitala, assinou o decreto de emergência para a região atingida. A medida permite que as famílias do Assentamento Nova Geração, na Serra do Cadeado, acessem recursos federais e estaduais para a reconstrução.

No assentamento, que fica às margens da PR-170, 17 das 22 moradias acabaram destruídas total ou parcialmente. O tornado também demoliu a igreja, o centro comunitário e vitimou fatalmente o morador José Neri Geremias, de 53 anos. Técnicos da Defesa Civil já iniciaram o cadastramento das famílias para a liberação dos auxílios.

APOIO DA ITAIPU

O diretor-geral brasileiro da Itaipu Binacional, Enio Verri, visitou o assentamento nesta quarta (19). Verri anunciou que a binacional prestará auxílio direto através do programa “Itaipu Mais que Energia”. “Nós temos as nossas equipes técnicas. Engenheiros que estão fazendo os projetos dos prédios públicos”, afirmou o diretor.

Enio conversou com moradores da comunidade. Entre eles, o agricultor Adair Hoffmann, de 53 anos, que perdeu quase tudo em poucos segundos.

“Não deu tempo, foi questão de segundos. […] Assim que eu coloquei a mão na porta pra sair, destruiu a casa toda”, relatou Adair em entrevista ao Portal RSN. Ele descreve ter sido arremessado a cerca de 40 metros de distância pela força do vento. A esposa dele, Marlene Sousa, também foi atingida e sofreu ferimentos. “Só vi que era pancada para tudo que é lado. […] Mas graças a Deus estamos vivos e vamos conseguir de volta o que a gente tinha”

Enio conversa com a família de Adair e Marlene (Foto: Thiago de Oliveira/RSN)

Para as famílias rurais, como a de Adair, a ajuda virá também na forma de assessoria técnica. “Temos um projeto chamado Semiano Gestão. Esses profissionais estão visitando cada propriedade aqui do assentamento, olhando o que precisa para a gente ver o que pode ajudar”, explicou Verri. Ele garantiu que a Itaipu poderá investir na recuperação de estruturas produtivas, como barracões, complementando a reconstrução das casas garantida pelo Governo do Estado.

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Thiago de Oliveira

Jornalista

Jornalista formado pela Universidade Estadual do Centro-Oeste. @tdolvr

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