Chuva, lama, trajeto difícil, parceiro ferido, carro de apoio encalhado, são apenas algumas das dificuldades que Leandro Oliveira e mais 13 tropeiros enfrentaram para chegar a Lunardelli. Nesse domingo (19), eles terminaram uma tropeada de 180 quilômetros para cumprir uma promessa à Santa Rita de Cássia.
Leandro é servidor público, mas a paixão dele é as tropeadas. Nessa edição, ele estava a frente, mas contou que a promessa tem um valor inestimável, já que foi feita em um momento entre a vida e a morte.
Em maio do ano passado eu tive covid-19, fiquei sete dias internado e 45 dias com uso do oxigênio em casa. Eu prometi que se melhorasse iria levar uma foto e deixar aos pés de Santa Rita. Graças a Deus, estou bem e compartilhei com os amigos a ideia de ir tropeando e eles aceitaram. Sendo assim, aproveitamos a data por ser um feriado prolongado para executar a viagem. Cada um levando seu pedido e agradecimento. Além de outros pedidos de orações de familiares e amigos.
Dessa forma, a viagem durou quatro dias. O grupo chamado ‘Tropeiros da Amizade’ saiu de Boa ventura de São Roque, passou por Pitanga, Manoel Ribas, Arapuã, Jardim Alegre e finalmente, Lunardelli.
Tivemos algumas dificuldades no percurso, carro de apoio encalhando e tirado duas vezes com os burros. Mas a chegada foi emocionante! O Santuário traz um aconchego que não sei explicar, é uma sensação sem igual. Era nítido nos olhos dos amigos, a felicidade de estar lá e em alguns até com lágrimas nos olhos.
Além disso, a viagem também reservou outros imprevistos. Isso porque, em Manoel Ribas, um dos tropeiros de 70 anos acabou sofrendo uma queda da mula e fraturou o pé. “Quando levamos o seu Ismael para o hospital e soubemos da fratura, passou pela cabeça em desistir. Porém, ao voltar a propriedade que nos recebeu ele pediu para o neto pegar dois maços de vela e uma carta. Ele nos entregou e falou ‘eu não vou prosseguir, mas vocês levam por mim’. Aí não tinha como desistir”.
Assim, a jornada carregou um peso muito maior, pois além dos agradecimentos, havia um pedido especial feito por um companheiro de viagem. O neto do seu Ismael Marcondes Bahls, Ederson batista Marcondes de 27 anos também não prosseguiu a viagem, mesmo desapontado, ele decidiu ficar do lado do avô.
Sentimos muito por não poder encerrar a nossa viagem. Mas tropear com meu avô e com nossos amigos não tem palavras pra descrever, o quanto é maravilhoso estar ali conversando, vendo esses lugares lindos que têm nesse mundão! Para mim, não tem coisa melhor do que ver o sorriso no rosto do meu vozinho que com 70 anos parece um piá, quando está nas tropeadas.
Agora, o grupo pretende continuar levando a herança campeira. De acordo com Leandro, a tropa já conhece bem a Região, tendo viajado para Prudentópolis, Inácio Martins, Marquinho, Irati, Goioxim e Turvo.
Somos verdadeiros amantes desta herança, sempre que podemos estamos combinando uma saída para poder estar com a tropa na estrada. Sou servidor público, temos amigos que trabalham na indústria, outros na construção civil, alguns na propriedade rural. Porém, uma tropeada renova nossas energias, desliga a mente do cotidiano. Porque a gente sofre e ri junto, o corpo volta cansado pra casa, mas a mente volta renovada.
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