Da Redação, com Agência Brasil
Washington – Os Estados Unidos dispararam 59 mísseis Tomahawk contra a base aérea da cidade de Shayrat, na Síria. De acordo com o New York Times, a Rússia foi alertada antes a respeito do ataque, como é de praxe, para que nenhum avião do país, que é aliado do regime de Bashar al-Assad, fosse atingido. Do ponto de vista militar, não foi um ataque particularmente agressivo: destruiu-se uma base pontual e só. Foi, principalmente, um recado de que os EUA responderão militarmente caso novos crimes de guerra sejam cometidos.
A jogada inesperada de Trump tem dois objetivos e alguns riscos. Vêm aumentando os indícios de que pessoas em sua campanha combinaram com os russos vazamentos contra Hillary que ajudaram em sua eleição. O gesto forte contra um dos mais importantes aliados de Putin pode criar impressão de independência e muda o clima do encontro que haverá na semana que vem entre o secretário de Estado americano, Rex Tillerson, e o presidente russo. Ao mesmo tempo, o braço de segurança nacional do governo Trump era visto como desorganizado, com trocas e mais trocas no primeiro escalão. A esperança é de que o disparo dos mísseis mude a percepção por parte da imprensa e, principalmente, da população americana. O principal risco é de que Assad pague para ver. Trump assumiu o governo prometendo destruir o Estado Islâmico. Este é o principal inimigo do ditador genocida sírio. Se Assad continua a ofensiva de terror contra seu povo, Trump se verá forçado a ampliar os ataques. Mas, ao enfraquecer o regime, ele abre espaço para crescimento do EI. Neste xadrez, só quem pode ajudá-lo é, ironicamente, Vladimir Putin. É o único com poder para conter a fúria Assad sem a necessidade de avanço militar americano. Mas esta é uma decisão do Kremlin, não da Casa Branca.
Com a ajuda da Rússia, Assad garantiu supremacia militar sobre os rebeldes. Com a eleição de Trump, havia uma declaração americana de que derrubá-lo não era mais prioridade. Por que fazer um desastrado ataque com armas químicas? Porque esta é a estratégia. Criar terror nas regiões dominadas por rebeldes. Deixar claro o custo de se voltar contra a ditadura.