22/08/2023




Guarapuava

Um dia depois do outro

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(i)

Fim de semana tem cheiro de cozinha inundada com os mais deliciosos sabores e com as flagrâncias mais saborosas que se misturam e se fundem com a presença dos amigos e da família; são dias que tem gosto de saudade daqueles que não mais estão próximos de nós com sua contagiante alegria.

Fim de semana são dias pios para nos recolhermos e nos mantermos sob o abrigo da graça divina colocando-nos em oração e em abençoada vigília; esses são dias em que nos recolhemos longe da presença infecta do mundo para renovar nossas forças junto ao calor santificante da família que permanece unida.

(ii)

Nada é mais humilhante que fundar a personalidade – que construir o nosso caráter – sob o fundamento rasteiro e sujo de nossos desejos e paixões – pouco importando quais sejam eles.

No fundo, uma pessoa que assim procede, acaba reduzindo a sua vida a uma caricatura grosseira de si mesma feita com o que há de mais degradante e vil em seu ser.

De mais a mais, como é sabido por todos, ninguém irá impedir alguém de expor-se a um vexame existencial dessa monta. Ninguém mesmo.

Porém, todavia e, entretanto, não queira ser tratado com deferência por escolher esse caminho, pois, exigir isso, apenas aumenta mais ainda o ridículo dessa desorientação.

(iii)

O respeito não se conquista com estardalhaço, nem com fervo, muito menos com escândalo. Somente crianças mimadíssimas agem assim e acham bonito ser feinho.

Numa situação que não seja de anomia, a única coisa que disparates desse gênero conseguem ganhar é umas boas palmadas na bundinha. Só isso.

Todavia, na sociedade doentia em que vivemos, dar chilique infantil, em idade adulta ou pueril, é visto pelos fantoches ideologicamente desorientados, que se apresentam como a classe bem pensante de nosso triste país, como sendo uma manifestação cristalina da tal criticidade e desse trem fuçado que eles chamam pela alcunha de cidadania.

Enfim, seja como for, pouco importa o nome que se dê a esses espetáculos de fingimento e futilidade que vez por outra tomam as primeiras páginas, porque, qualquer um que tenha um mínimo de bom senso, sabe muito bem que desejo não é direito e que expressá-lo escandalosa e histericamente não é cidadania nem aqui, nem na casa do chapéu.

Cristina Esteche

Jornalista

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