Desde o começo deste ano, Guarapuava registra um caso de HIV positivo no Serviço de Atendimento Especializado (SAE). O número assusta, embora ainda esteja abaixo do índice de contágio previsto pelo Ministério da Saúde de que 1% da população possui Aids. “Se Guarapuava possui 180 mil habitantes e o nosso cadastro é de que cerca de 800 são soropositivas onde está o restante”? questiona a enfermeira Clarice Kunkel, coordenadora do SAE. De acordo com Clarice, muitas pessoas estão infectadas, não sabem e consequentemente, contaminam outras pessoas. “Um paciente pode ter o vírus por até 10 anos e não possuir nenhum sintoma. Como não faz sorologia acaba contaminando parceiros”. Para cada soropositivo tem mais cinco pessoas contagiadas pela relação sexual.
O vírus da Aids ataca qualquer pessoa, independente da faixa etária, cor, sexo ou religião. Para contrair o vírus basta estar desprevenido, principalmente, durante o ato sexual. Em Guarapuava, a faixa mais afetada está entre 14 e 24 anos, portanto, jovem. “É preciso despertar para a consciência de que não se pode confiar totalmente em alguém partindo da premissa de que eu confio 100% em mim e 80% no outro”.
Segundo Clarice, em 2013 a maioria dos casos atendidos pelo SAE era de casais em união estável. “As pessoas estão muito confiáveis e se escondem atrás de uma união estável do tipo: eu tenho um marido e ele nunca me traiu, quando na realidade não é isso que acontece. As pessoas banalizam a vida sexual, só querem saber do momento de prazer e não pensam nas consequências que podem ter depois”. Para se ter uma ideia, hoje estão sendo atendidas 22 gestantes. O tratamento adequado, porém, impede que o bebê nasça com a doença. “Temos umas oito crianças e adolescentes que herdaram o vírus porque a mãe não fez o pré natal. Hoje a sorologia é obrigatória no pré natal”. Segundo Clarice, são crianças e adolescentes revoltados, que resistem em fazer o tratamento.
Os casos locais, em sua maioria, estão presentes em pessoas da classe média, mas há contagiados em todas as classes sociais e em todas as profissões. Além do preconceito, a falta de sintomas específicos é um dos maiores gargalos dessa doença. A baixa imunidade faz com que surjam doenças oportunistas como a perda de peso, pneumonia de repetição, diarreia por mais de 30 dias, tuberculose, meningite, toxoplasmose, hepatite, sudorese noturna, dores no corpo. “A investigação de uma patologia pode levar a outra. Às vezes um paciente busca tratamento por uma doença e acaba sabendo que é soropositivo”.
De acordo com Clarice, o tratamento para a doença hoje é eficiente. “Basta que o paciente faça o tratamento correto que terá vida normal. Hoje a Aids é considerada uma doença crônica e tem que ser tratada sem interrupção”. O SAE oferece o exame, que é precedido de aconselhamento com psicólogos, o tratamento e o acompanhamento.
SERVIÇO – O teste de sorologia, de hepatites B e C e de sífilis são oferecidos gratuitamente pelo SAE e ficam prontos em 30 minutos. O SAE fica na Rua Getúlio Vargas, 1981, centro de Guarapuava – (42) 3621 4524.