22/08/2023

Um tributo à amizade

Você acha que sabe  muita coisa do que acontece na cidade, mas acaba deixando passar despercebido detalhes que foram importantes no decorrer da tua vida. Me refiro à morte da Jeane Amaral, a mulher que deu origem ao nome da extinta Loja Jeane, uma das mais tradicionais de Guarapuava em décadas passadas.

Mas a Jeane ficou conhecida como uma das doceiras mais requintadas da cidade, seguindo a profissão da sua mãe, a Dona Dora. Me criei ao lado da Jeane, da Tania, por ser amiga da Sonia e da Cloris, a Cuca, madrinha do filho Juan, já falecido. Lembro-me nitidamente  do “seo” Marinho, um apaixonado por Carnaval.

Foi ali no prédio, na rua Senador Pinheiro Machado, no Centro de Guarapuava, que vivi os melhores anos da minha juventude. Foi essa, que escolhi para ser a minha segunda família.

Mas o tempo passa e os afazeres do dia a dia nos “engole”. Passamos a ser reféns de uma corrida desvairada e nem tempo para os amigos, para as pessoas que fizeram parte de parte da nossa vida. Dona Dora e “seo” Marinho se foram para outro plano. A Sonia casou e com o Raul e o filho Alexandre mudaram de cidade. Foram morar em Pitanga. A Tania e família escolheram o Balneário Camboriú. Ficaram em Guarapuava a Cuca e a Jeane, que as via esporadicamente. A Cuca quando encontrava pela rua, a Jeane quando ia encomendar alguma torta.

Mas a vida nos prega peças, ou melhor, nos aponta a necessidade de dedicarmos um tempo às amizades verdadeiras, aqueles que amamos. No último domingo, fui surpreendida com a notícia de que a Jeane sofreu um infarto na sexta feira (19) e não resistiu.

Retornei à casa que me acolheu por um bom tempo e lá reencontrei muitas coisas que tinha deixado, como os mesmos móveis, a mesa cozinha, a mesma mesa onde me sentei para saborear as delicias feitas por Dona Dora e depois pela Jeane. Reencontrei a Sonia, a Tania, a Cuca. Me deparei com parte do meu passado, agora com três cadeiras vazias naquela sala.

Na nossa breve conversa, tendo por companhia a minha mãe, a tia Dolores e a minha irmã Mariângela, foi como se o tempo não tivesse passado. Relembramos as pessoas, as festas, as nossas loucuras da adolescência e rimos muito. Foi muito bom constatar que a amizade sincera fala mais alto em qualquer circunstância. Supera o próprio tempo.

Cristina Esteche

Jornalista

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