Uma simbiose perfeita entre o pessoal e o profissional é o que define a parceria entre os irmãos Kiko Dalla Vecchia e Adriana Dalla Vecchia Pomaleski, proprietários do Grupo Casa Vecchia.
Mas antes de se tornarem a maior grife da gastronomia guarapuavana e uma das maiores do interior do Paraná em organização de eventos, os dois sequer pensavam em atuar nessa área.
“Casei cedo, aos 17 anos, e desse casamento nasceram três filhas. Comecei cozinhando para elas”, disse Kiko que então possuía uma revenda de veículos e era sócio, junto com Adriana, da Dallack Presentes.
Nas horas de folga a culinária começou a se tornar um hobby que atraía amigos aos sábados numa chácara onde Kiko cozinhava. Surgiu então o convite para ancorar um programa de culinária na TV Cidade, a convite da comunicadora Vanessa Limberger.
Sem perceber, a gastronomia passou a ser o principal tempero da sua vida e disso para comprar o Restaurante Casa Vecchia foi apenas um passo.
“Surgiu a oportunidade, mas eu precisava de uma pessoa que administrasse, pois nesse negócio a cozinha era a parte mais fácil”.
Atraída pelo novo desafio, Adriana aceitou o convite do irmão. “No dia 28 de novembro de 2006 abrimos o restaurante e atendemos 25 pessoas, mas no dia seguinte já eram 150 e não paramos mais”, relembra Adriana.
O primeiro jantar foi preparado a pedido do Conselho da Mulher Executiva da Associação Comercial e Empresarial de Guarapuava (ACIG) para 120 pessoas e foi sucesso absoluto. “Três meses depois fizemos o primeiro casamento e foram surgindo os eventos”, diz Kiko.
A necessidade de se aperfeiçoar e criar receitas que saíssem da mesmice levou Kiko a cursar Gastronomia na Faculdade Guairacá. “Eu já fiz tudo de tudo em relação a pratos quentes e queria buscar algo diferente que provocasse mudança”, diz. A primeira inovação foi uma mesa de antipasto, um conjunto de iguarias servidas antes das refeições. “As pessoas não sabiam em que momento deveriam comer”. O próximo foi uma ilha com finger food, ou “Comida para comer com os dedos”, mas o termo é utilizado para se referir a qualquer comida servida em porções únicas.
No decorrer da conversa, à medida em que Kiko se envolve é possível perceber a sintonia que tem com tudo o que faz. Todo cardápio criado é estudado de acordo com o perfil dos noivos e, principalmente, dos convidados, no caso de um casamento. “A gente conversa, estuda e sugere sempre levando em conta o gosto do casal e de quem são os convidados. Assessoramos em tudo”, diz o chef. Segundo Adriana, não existe um menu pré-determinado. “Cada evento é especial e tem um a peculiaridade. Não repetimos cardápio. Temos lista com 150 fingers e nosso menu é personalizado”.
O momento da arte de criar é único. “Chego em casa, ligo o computador, me sirvo de uma dose de conhaque ou de uísque, vou pesquisando e montando as misturas na minha cabeça. No dia seguinte, vou para cozinha, elabora e chamo a Adriana pra degustação”.
Até agora a “invenção” que mais agradou seu criador foi Barreado de Cordeiro. “Juntei as duas coisas esquisitas e deu uma coisa boa. Há dez anos esse prato vem sendo elogiado”.
Segundo Kiko Dalla Vecchia, Guarapuava cresceu e o perfil do empresário mudou. “Hoje há muitas empresas novas que investem em coquetéis de lançamentos, inclusive de moda”.
Todo esse Know-How já leva o nome do Grupo Casa Vecchia pelo Brasil afora. Os empreendedores guarapuavanos já realizaram eventos no Mato Grosso, São Paulo, Santa Catarina e em diversas cidades paranaenses, tendo sido cotados para o jantar do juiz Sergio Moro.
Eventos temáticos também desafiam a criatividade do chef Kiko Dalla Vecchia, da administradora Adriana e agora, na segunda geração, de Bruna, uma das filhas de Kiko. É ela a responsável pelas “fofurices” e pela personalização do que é oferecido nos eventos. Nas mãos de Bruna, um simples pastel, por exemplo, ganha embalagem especial, dando um toque de glamour ao ser servido.
Mas a alquimia de Kiko Dalla Vecchia quando ele na cozinha, entre pratos, panelas, ingredientes e amor pelo que faz não tem limites. Para uma festa infantil, se o tema é halloween, as coxinhas ficam roxas, e não se assuste se numa festa onde o tema é o Chá de Alice, você receber uma xícara com algodão doce para dar um charme a mais no romântico chá. “Cada evento é uma nova emoção, pois cada um conta uma história e nós queremos fazer parte dela. Então tudo é pensado minuciosamente para que o contratante fique feliz e seus convidados saiam satisfeitos. A correria é grande para que tudo saia perfeito e é por isso que me apaixonei pelo que faço”, confessa Adriana que na parceria substituiu o esposo Antonio Carlos, também um “apaixonado pela gastronomia”.
É à ela que cabe a responsabilidade de administrar cada evento, desde as reuniões com os contratantes; o projeto; a contratação de profissionais para o evento; a capacitação já que cada garçom sabe, por exemplo, se um convidado possui restrição a algum tipo de alimento – há pratos especiais preparados para essa pessoa -; a compra das bebidas, dos ingredientes, entre outras atribuições. Adriana também administra a equipe que conta com total de 90 profissionais, dos quais 26 são fixos e os demais flutuantes; enfim, a logística para que tudo saia melhor do que a encomenda. “Temos que pensar em tudo. O Kiko gosta muito de surpreender as pessoas, de transformar o simples em sofisticado com um simples toque e mesmo com um orçamento pequeno somos capazes de criar e de fazer acontecer”, assegura Adriana.
“O nosso trabalho é uma questão de confiança mútua”, diz Kiko. E para se ter uma ideia, somente em 2017 o Grupo Casa Vecchia realizou 170 eventos e em 2018 a agenda promete muito mais.
“A correria começa cedo, e o nosso feriado é na segunda feira. Mas eu não me vejo fazendo outra coisa”, diz Adriana, que também, como sobremesa, administra o restaurante Casa Vecchia, do qual Kiko é também o chef.
Mas em meio a toda essa, literalmente, parafernália deliciosa, qual será o prato que Kiko Dalla Vecchia costuma comer? “Não existe nada melhor do que um sanduíche na madrugada ou pão com feijão gelado. É o que me basta”, diz, surpreendendo mais uma vez.