22/08/2023
Agronegócio Brasil Paraná

Valor do leite e derivados está alto ao consumidor e baixo ao produtor

Mercado vem demonstrando altos preços dos produtos lácteos ao consumidor. Mas no campo, produtor enfrenta desvalorização do leite

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O recuo no poder de compra frente ao milho prejudicou os produtores de leite nesta época do ano (Foto: Reprodução/Pixabay)

Existe leite pasteurizado, desnatado, semidesnatado, integral, vegetal…A lista é grande. Têm leite para todo tipo de organismo e ideologia. Mas o que vamos tratar nesta reportagem é o leite in natura, aquele que não passou por nenhum processo de industrialização. O produto tem registrado queda no valor pago ao produtor desde outubro deste ano. Redução que o consumidor não sentiu no bolso.

De acordo com o último levantamento do Conselho Paritário entre Produtores e Indústrias de Laticínios (Conseleite) do Paraná, em novembro, o preço do leite pago aos produtores acumulou baixa de 6,40%. Isso corresponde a menos R$ 0,20/litro em relação a outubro.

Entretanto para os consumidores o valor dos lácteos no mercado manteve os preços. A chave do motivo dos produtos lácteos estarem caros aos consumidores, entretanto desvalorizado aos produtores é justamente por conta dos custos de produção.

Conforme os dados, o recuo no preço no leite é nacional (Imagem: Cepea/Esalq)

A pesquisa do Centro de Pesquisas Econômicas da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (CEPEA) mostra que de setembro para outubro, o Índice de Captação Leiteira (ICAP-L) recuou 0,87% na ‘Média Brasil’. Porém, para o mês de dezembro, conforme o presidente do Conseleite-PR, Ronei Volpi, acredita-se em um leve aumento na captação com intuito de abastecer as festas de fim de ano.

No entanto, o aumento de produção nesta época do ano é natural, em função do período de chuvas que impacta consideravelmente nas pastagens, principalmente nas Regiões Sudeste e Centro-Oeste brasileiras.

INSUMOS

Outra questão que prejudicou os produtores nesta época do ano foi o recuo no poder de compra frente ao milho. De acordo com as informações, a recessão correspondeu a 29,5%. Para se ter ideia, no ano passado o pecuarista leiteiro precisava de 33 litros de leite em média para comprar uma saca de milho de 60 quilos. Já em 2021, para a mesma compra, são necessários 43 litros.

Os custos produtivos para dentro da porteira também estão com preços nunca antes praticados. Insumos para a alimentação dos animais, como milho e pastagens, energia elétrica, entre outros produtos utilizados na produção, estão com valores altos. Isso mantém a margem muito estável ou negativa. Estamos passando por um período de realinhamento de preços nunca vistos antes. Com certeza, quem tem maior poder de negociação leva vantagem. No setor lácteo, como tantos outros, a distribuição e varejo tem maior poder de negociação.

Dessa forma, a desvalorização do leite no campo se mostra fortemente atrelada à crescente perda no poder de compra consumidor. A desaceleração nas vendas de lácteos vem desde meados de agosto. Apesar dos preços dos grãos terem registrado quedas recentemente, o patamar continua elevado. Além disso, outros insumos importantes da atividade leiteira também encareceram. Como os adubos e corretivos, combustíveis e suplementos minerais.

EXPECTATIVAS PARA 2022

Para 2022, Ronei salienta a importância do produtor estar precavido e dar mais atenção para propriedade enquanto negócio/empreendimento.

Para aquele produtor que entende do negócio, que tem os números corretos, e que sabe aonde deve atuar, esse produtor sairá mais forte dessa crise e surfará numa onde alta logo mais. Essa é nossa expectativa.

Contudo, a perspectiva é de que muitos produtores acabem abandonando a atividade justamente devido essas previsões.

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Antunes

Jornalista

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