22/08/2023
Agronegócio

Vazio Sanitário – Produtores devem eliminar soja voluntária

Da redação – ( com assessoria) Começou na terça-feira, dia 15, o Vazio Sanitário, período de ausência total de plantas vivas de soja durante 90 dias, que a ferrugem asiática não encontre hospedeiro preferencial, que é a soja.
Desta forma, até 15 de setembro, o produtor rural deve eliminar toda soja plantada e voluntária (guaxa) presentes na propriedade, pois o fungo causador da ferrugem é transportado facilmente pelo vento e na safra normal vai se disseminar, causando prejuízos às lavouras.
O Vazio Sanitário foi instituído no Paraná pela Resolução 120/07, visando reduzir e retardar o aparecimento do fungo causador da ferrugem asiática, buscando assim diminuir o número de aplicações de fungicidas e os custos de produção.
As plantas devem ser eliminadas de áreas cultivadas, restevas, parques, instalações de armazenamento, comércio e industrialização, praças, e até mesmo plantas germinadas de grãos caídos durante o transporte. Mesmo as plantas isoladas, que nascem em beiras de rodovias e ferrovias, nas estradas municipais e carreadores, podem ser hospedeiras da doença e assim migrar para as lavouras em períodos de safra normal.
Segundo os engenheiros agrônomos da Defesa Sanitária Vegetal da Secretaria de Estado da Agricultura e Pecuária (SEAB), Alex Sandro Schiavini e Rosmari De Ré, as notificações, assim como a divulgação sobre o Vazio Sanitário, iniciaram em maio, em toda a região.
A partir de 15 de junho, os produtores podem ser autuados. “O prazo para fazer a eliminação da soja voluntária já expirou. Agora todos estão passíveis de autuação”, avisam.
A partir de agora, as visitas a campo serão intensificadas. “Queremos deixar bem claro que essa medida é para o bem do produtor rural. Ninguém quer punir. O objetivo é o retardamento da doença. Sabemos que a ferrugem asiática da soja é causada por um fungo extremamente agressivo, que pode causar perdas severas de produtividade”, alertam os agrônomos.
O produtor autuado terá direto a apresentar uma defesa no período de 15 dias à SEAB local. Em seguida, o processo é encaminhado ao Departamento Jurídico da Secretaria, em Curitiba, e o resultado pode ser de advertência à multa em valor monetário.
Segundo Rosmari, no ano passado a região que eliminou a soja voluntária teve menos problemas de inóculo e a ferrugem chegou mais tarde. “Infelizmente, quem está com a soja voluntária em áreas de canola, nabo forrageiro ou ervilhaca terá que fazer o controle da mesma forma. Sabemos que não há produto registrado para o controle da soja nessas áreas de inverno, mas faltou planejamento do produtor no momento de escolher a cultura de verão. O produtor deveria ter feito rotação com uma outra cultura que não fosse a soja, já pensando no plantio da canola no inverno”, explica.
O produtor que plantou aveia, azevém ou trigo (culturas de folhas estreitas) não terá problema para controlar a soja voluntária. Schiavini destaca que devido ao clima favorável (calor e umidade), a soja voluntária apareceu com força total esse ano. “No dia 17 de junho do ano passado já havia registro de geadas”, compara.
 
CSA quer Vazio Sanitário a partir de 30 de junho
Durante o Programa de Interiorização do Estado em Guarapuava, no dia 27 de maio, o presidente do Conselho de Sanidade Agropecuária de Guarapuava, Rodolpho Luiz Werneck Botelho, solicitou ao secretário de Estado da Agricultura e do Abastecimento (SEAB), Erikson Chandoha, mais 15 dias para o início do Vazio Sanitário em Guarapuava. “A geada é um grande coadjuvante do Vazio Sanitário no Paraná, por isso, a prorrogação da data seria ideal. Além disso, como na região de Guarapuava o trigo é plantado entre meados de junho e julho, os produtores fazem o manejo das plantas daninhas antes do plantio, já controlando essa soja”, defendeu Botelho, também presidente do Sindicato Rural de Guarapuava.
Em resposta à solicitação, o secretário informou que o pedido já havia sido feito ao CONESA e após a avaliação, foi recusado. Desta forma, o secretário solicitou ao presidente do IAPAR uma análise por parte do órgão de pesquisa sobre a época de plantio da cultura de inverno na região e sugeriu que o Conselho de Sanidade Agropecuária encaminhasse um novo pedido ao CONESA, entidade que pode deliberar sobre o assunto.
Por enquanto, os produtores deverão seguir a determinação, ou seja, eliminar a soja voluntária evitando multas e visando a redução da incidência de ferrugem asiática na próxima safra de soja.

Cristina Esteche

Jornalista

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