22/08/2023
Geral

Veneno de abelha serve para curar o HIV

Pesquisadores da Universidade de Washington conseguiram que uma nanopartícula carregada com a toxina melitina destruísse o vírus do HIV, ela pode ser encontrada no veneno de abelhas e pode ajudar a combater o vírus. Segundo eles, a descoberta pode ser um passo importante no desenvolvimento de um gel vaginal eficaz em prevenir a disseminação da Aids.

Presente no veneno da abelha, a toxina tem ação tão potente que consegue fazer pequenos buracos na camada protetora que envolve o HIV. Ela é colocada dentro das nanopartículas que não prejudicam as células normais por sua ação. A equipe adicionou uma espécie de pára-choques de proteção em sua superfície. Assim, quando entra em contato com uma célula normal, que é muito maior em tamanho, a nanopartícula se afasta. O vírus do HIV, por outro lado, é menor e ao fazer contato com a superfície da partícula, entra em contato com a toxina da abelha, rompendo o envelope do vírus.

Os pesquisadores acreditam que uma das vantagens da nova abordagem é a nanopartícula atacar uma parte essencial da estrutura viral: o envelope protetor. A maioria dos medicamentos anti-HIV, disponíveis no mercado, atuam inibindo a habilidade do vírus de se replicar. Essa estratégia não consegue barrar a infecção inicial, e algumas cepas do vírus acabam driblando o remédio e se reproduzindo. Com essa nova técnica não há como o vírus se adaptar porque precisa dessa camada dupla que o reveste.

Além da prevenção na forma de gel vaginal, também é esperado que essas nanopartículas possam ser utilizadas como uma terapia para infecções por HIV já existentes, especialmente aquelas resistentes a drogas. Elas poderiam ser injetadas no paciente de maneira intravenosa e seriam capazes de eliminar o HIV da corrente sanguínea.

A partícula básica do experimento foi desenvolvida há muitos anos como um produto sanguíneo artificial, ela circula de maneira segura pela corrente e nos dá uma boa plataforma adaptável para o combate a diferentes tipos de infecção, como hepatite B e C, que contam com o mesmo tipo de envelope protetor e seriam vulneráveis às nanopartículas carregadas com melitina.

Embora a pesquisa tenha sido feita em células laboratoriais, os pesquisadores afirmam que as nanoparticulas podem ser facilmente fabricadas em grandes quantias, em volume necessário para testes clínicos.

Fonte: Veja.com.br

Cristina Esteche

Jornalista

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