Com a chegada do verão no Brasil e da chuva em diversas Regiões, uma preocupação de saúde pública aumenta: o crescimento da circulação do mosquito Aedes aegypti e das doenças associadas a ele, como dengue, zika e chikungunya.
Conforme o último boletim epidemiológico do Ministério da Saúde lançado este mês, entre janeiro e novembro o Brasil registrou 971.136 casos prováveis de dengue, com 528 mortes. As maiores incidências se deram nas Regiões Centro-Oeste (1.187,4 por 100 mil habitantes), Sul (931,3/100 mil) e Nordeste (258,6/100 mil).
PARANÁ
De acordo com a Secretaria Estadual da Saúde (Sesa), o Paraná apresenta pelas informações do último boletim, incidência de 9,53 casos de dengue por 100 mil habitantes. A coordenadora de Vigilância Ambiental da Secretaria da Saúde, Ivana Belmonte, explica que este índice tira hoje o Paraná do cenário crítico da dengue.
“Mas não tira a situação de atenção da Secretaria da Saúde e dos gestores municipais. O cuidado deve acontecer agora, temos que nos mobilizar para que o problema não evolua nos próximos meses”.
Conforme Ivana Belmonte, com o advento da pandemia da covid-19, a Secretaria vem orientando os gestores para que façam um trabalho educativo junto à população, reforçando a importância da remoção dos criadouros nas residências.
NÚMEROS DO PARANÁ
No último Boletim Semanal da Dengue divulgado no dia 15 de dezembro pela Secretaria da Saúde do Paraná, a Sesa registrou 128 novos casos da doença. Desse modo, o período epidemiológico que teve início em agosto, soma até agora 1.375 diagnósticos. Além disso, 3.663 que seguem em investigação. No entanto, é importante ressaltar que a 5ª Regional de Saúde de Guarapuava, segue com baixo risco de contaminação.
De acordo com o secretário de saúde Beto Preto, o Paraná tem 14.718 notificações para a dengue distribuídas em 313 municípios das 22 Regionais de Saúde do Estado. “Nas últimas semanas a análise epidemiológica tem registrado redução no número de casos confirmados da dengue, mas isso não é sinal para baixarmos a guarda porque o vírus está circulando no Estado”.
O verão tem início na semana que vem, a estação traz mais chuvas e sabemos que isso é condição favorável para aumentar a proliferação do mosquito transmissor. Então, neste momento devemos redobrar o alerta contra a dengue com a eliminação dos focos e criadouros do mosquito transmissor da doença.
CHIKUNGUNYA E ZIKA
De acordo com a Agência Brasil, até o momento, o Brasil tem 78.808 mil casos de chikungunya, com 25 mortes e 19 casos em investigação. As maiores incidências ocorreram no Nordeste (99,4 por 100 mil habitantes) e Sudeste (22,7/100 mil). Já os casos de zika, até o início de novembro, totalizaram 7.006. A maior incidência no Nordeste (9/100 mil) e Centro-Oeste (3,6/100 mil).
Na avaliação do professor de epidemiologia da Universidade de Brasília Walter Ramalho, este é o momento de discutir o problema do Aedes aegypti e as medidas necessárias para impedir sua proliferação. O maior desafio é diminuir os focos de criação dele.
VELHO MORADOR
O Aedes está no Brasil há mais de 100 anos. Em alguns momentos, já chegou a ser erradicado. Mas nos últimos 30 anos o inseto vem permanecendo e se adaptando muito bem ao cenário de urbanização do país. Além disso, o uso crescente de materiais de plástico, facilitam o acúmulo de água propício à reprodução do mosquito.
“Todos esses materiais, que podem durar muito tempo na natureza, podem ser criadouros do mosquito. A gente tem que olhar constantemente o domicílio, não somente na terra como nas calhas. Este é um momento do começo da chuva. Se não fizermos esse trabalho e se a densidade do mosquito for elevada, não temos o que fazer”.
Ele lembra que não se trata apenas de um cuidado com a própria pessoa, mas com o conjunto da localidade, uma vez que domicílios com foco de criação acabam trazendo risco para toda a vizinhança.
Por fim, o professor da UnB acrescenta que o cuidado no combate aos focos não pode ser uma tarefa somente do Poder Público. Uma vez que qualquer residência, terreno ou imóvel pode concentrar focos, é muito difícil que as equipes responsáveis pela fiscalização deem conta de cobrir todo o território.
“A zika causou microcefalia no Nordeste e em algumas cidades de outras Regiões. E precisamos nos preocupar com a chikungunya. Ela causa sintomatologia de muitas dores articulares. Muitas pessoas passam dois, três anos sentindo muitas dores. Isso causa desconforto na vida durante todo esse período”.
CAMPANHA
No mês passado, o governo federal lançou uma campanha contra a proliferação do Aedes com o lema “Combater o mosquito é com você, comigo, com todo mundo”. O desafio é conscientizar os cidadãos sobre a importância de limpar frequentemente estruturas onde possa haver focos e evitar a água parada todos os dias.
Por fim, a campanha conta com a difusão de peças publicitárias em meios de comunicação. Faz alerta sobre esses cuidados e sobre os riscos da disseminação do mosquito e as consequências das doenças associadas a ele.
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