22/08/2023
Economia

Volks quer suspender contratos de até 300 trabalhadores no Paraná

Quatro meses depois de anunciar investimentos de R$ 520 milhões na fábrica de São José dos Pinhais, na região de Curitiba, a Volkswagen está prestes a suspender os contratos de trabalho de até 300 funcionários da unidade. A medida, também conhecida como layoff, seria uma alternativa para evitar a demissão imediata desses trabalhadores.

A proposta de um layoff de três meses foi negociada com o Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba (SMC), mas ainda tem de ser debatida e votada pelos funcionários. As assembleias serão realizadas hoje, nas entradas dos três turnos de produção. Segundo o sindicato, a montadora emprega 3,4 mil pessoas em São José, das quais 2,4 mil no chão de fábrica.

AUDI

Subsidiária da Volkswagen, a Audi anunciou no ano passado que voltará a produzir na fábrica de São José dos Pinhais, onde produziu o hatch A3 até 2006. A empresa planeja investir pouco mais de R$ 500 milhões nas linhas do A3 sedã e do utilitário esportivo Q3. Assim como o novo Golf, os modelos da Audi têm início de produção previsto para 2015.

DIFICULDADES

Depois de vários anos operando no limite, a fábrica da Volkswagen em São José dos Pinhais está produzindo 640 veículos por dia, o equivalente a três quartos da capacidade, de 870 unidades diárias, segundo o SMC. A queda na produção provavelmente está ligada ao fim da produção do antigo Golf. Restaram os modelos Fox, Crossfox e Spacefox.

O sindicato diz que a empresa perdeu mercado por demorar a investir e a lançar produtos. “A fábrica de São José sempre se destacou, em volume de produção, das outras plantas do Brasil. Porém, é a ultima a receber investimentos e novos produtos, o que, a nosso ver, prejudicou a competitividade, a busca de mercado e os trabalhadores, que, agora, vão ter que aderir a esse layoff para não perder seus empregos”, disse, em nota, o presidente do SMC, Sérgio Butka.

Na ocasião em que anunciou a ampliação da fábrica, o presidente da Volks, Thomas Schmall, destacou que um dos motivos que levaram a empresa a voltar a investir na unidade foi um acordo com o sindicato. Pelo trato, os funcionários aceitaram flexibilizar parte do contrato de trabalho – um dos pontos acertados foi a implantação de um banco de horas.

Prevista na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), a suspensão dos contratos foi adotada por várias montadoras durante a crise de 2008 e 2009. Nessa situação, os trabalhadores recebem o seguro-desemprego do governo, e a empresa complementa o salário. Além do que prega a lei, a Volks teria garantido o pagamento de benefícios como INSS, 13.º salário, férias, participação nos lucros e 8% de FGTS.

Se aprovado, o acordo valerá para 150 funcionários, podendo ser aplicado a mais 150. Os trabalhadores que tiverem o contrato suspenso vão fazer cursos de qualificação na própria fábrica. Depois de três meses, podem voltar ao trabalho ou ser demitidos, a critério da montadora.

 

Cristina Esteche

Jornalista

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