Gestores, pesquisadores e especialistas das áreas de meteorologia, recursos hídricos e do setor elétrico de todo o Brasil reúnem-se na próxima semana, em Curitiba, para discutir oportunidades de aplicação das novas tecnologias hidrometeorológicas à gestão do sistema elétrico, o que inclui o que há de mais novo para a previsão de chuvas e monitoramento da situação de reservatórios de usinas hidrelétricas.
Os profissionais vão participar do workshop Eletromet, na próxima segunda e terça feira (26 e 27), no Centro Politécnico da Universidade Federal do Paraná. O evento terá como tema "Inovações no monitoramento hidrometeorológico e na previsão do tempo e clima aplicadas ao setor elétrico brasileiro".
Além de apontar as principais demandas do setor elétrico por informações hidrometeorológicas e previsões de tempo e clima, o Eletromet busca avaliar o estado de desenvolvimento e a aplicação de novas tecnologias na área. A programação compreende quatro mesas redondas temáticas – O contexto; O tempo e a água; O clima e a água e Propostas de ação.
"As tecnologias de monitoramento hidrometeorológico e de previsão de tempo e clima passam por um momento de grande inovação e investimentos no Brasil e no mundo", observa o diretor do Simepar, Eduardo Alvim Leite. Ele explica que "o Eletromet é uma excelente oportunidade para o conhecimento ampliado sobre as ofertas e demandas por informações meteorológicas e hidrológicas qualificadas, que cada vez mais assumem importância estratégica para agregar segurança operacional e otimizar os resultados no setor elétrico brasileiro".
O secretário estadual da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, João Carlos Gomes, destaca a importância do desenvolvimento científico e tecnológico para o aumento da resiliência e do desempenho de setores produtivos essenciais, entre os quais o setor elétrico brasileiro.
"O trabalho cooperativo entre entidades federais e estaduais de ciência e tecnologia e organizações do setor energético constitui o melhor caminho para desenvolver a inovação na área nestes tempos de mudanças climáticas, perturbação dos regimes de chuva e agravamento dos desastres naturais e causadas pelas pessoas".
NA PRÁTICA
O coordenador-geral do evento e presidente da Sociedade Brasileira de Meteorologia, Antonio Divino Moura, considera o Eletromet um ponto de partida que gerará propostas concretas de atuação conjunta com definição de responsabilidades entre as comunidades – de um lado a meteorológica e a climática, de outro os setores elétrico e hídrico.
"A troca de informações sobre o estado da arte em meteorologia é fundamental para que o conhecimento científico e tecnológico seja agregado ao setor hidroenergético de tal modo que o processo de tomada de decisões na geração de energia elétrica seja mais eficiente, obtendo a produtividade adequada", afirma Moura.
O diretor-presidente da Agência Nacional de Águas (ANA), Vicente Andreu, também destaca a importância da cooperação. "Considerando as alterações significativas nos regimes de chuvas pelas quais o País vem passando nos últimos anos – de que são exemplos o prolongamento da seca no semiárido e o excepcional período chuvoso seco no sudeste – o uso da tecnologia no planejamento da gestão do setor elétrico e dos recursos hídricos, de modo geral, deve estar associado a uma regulação com normas claras que garantam agilidade no processo de tomada de decisão".
O diretor-geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Hermes Chipp, vê no Eletromet uma grande oportunidade para discussão dos desafios do desenvolvimento tecnológico nos horizontes do tempo e do clima, para aprimoramento do planejamento e da operação do sistema elétrico brasileiro e, sobretudo, para identificação de tecnologias já existentes que possam ser aplicadas a curto prazo na sua gestão.
Segundo Hermes Chipp, as informações meteorológicas e climáticas têm assumido crescente dimensão para a operação do Sistema Interligado Nacional, considerando que o número cada vez maior de usinas a fio d'água, sem reservatórios de regularização, torna imprescindível a previsão das condições climáticas futuras, visando à identificação de anomalias de modo que essas informações possam ser incorporadas ao processo de definição das políticas de operação energética.
"O ONS visualiza a necessidade permanente de se aprimorar o processo de previsão do clima por meio do aperfeiçoamento dos modelos existentes e agregação daqueles que apresentam os melhores resultados em centros de meteorologia internacionais", afirma. Para Chipp, "a entrada dos novos aproveitamentos hidroelétricos na região amazônica ratifica a importância do monitoramento das condições atmosféricas sobre os sistemas de transmissão".
O Eletromet conta com patrocínio da Agência Nacional de Águas (ANA), da Sociedade Brasileira de Meteorologia (SBMET) e do Simepar, instituições que promovem o evento em conjunto com o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) e Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme).