Você já ouviu falar de bruxismo? Trata-se de uma desordem funcional que se caracteriza pelo ato de ranger ou apertar os dentes durante o sono. Essa pressão pode provocar desgaste e até mesmo amolecimento dos dentes e, em casos mais graves, problemas ósseos na gengiva e na articulação da mandíbula. Quando a disfunção ocorre durante o dia, o nome é briquismo.
A cirurgiã-dentista Priscila Ryzy da Clínica Vitta Odontologia e Bem-Estar explica que o bruxismo afeta homens e mulheres, em especial às crianças. Não se sabe ao certo o motivo, mas cerca de 15% delas são acometidas e a incidência tende a diminuir com o avançar da idade. “O mais aceito pela literatura é a possibilidade de ser uma disfunção ligada a fatores genéticos, situações de estresse, tensão, ansiedade, ou problemas físicos de oclusão ou fechamento inadequado da boca”, explica a especialista.
SINTOMAS
Segundo Priscila, a dor de cabeça é o sintoma mais frequente do bruxismo, já que a pressão exercida afeta vasos e nervos. Pode ser observado também um desgaste e amolecimento dos dentes. Um alinhamento incorreto dos dentes e o fechamento inadequado da boca costumam estar presentes em grande parte dos casos.
Dor e zumbido no ouvido, dor na mandíbula, no pescoço, nos músculos da face, estalos ao abrir e fechar a boca e alterações do sono também podem ser sintomas de bruxismo.
DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO
Os dentistas são os profissionais indicados para fazer o diagnóstico e o tratamento do bruxismo. Após disgnosticado o problema, o primeiro passo é tentar reconhecer e tratar as causas. De acordo com a cirurgiã-dentista, a terapia mais empregada atualmente para o alívio dos sinais e sintomas é a utilização de placas interoclusais. “Essas placas reduzem a atividade dos músculos durante a noite e protegem os dentes dos desgastes provocados pelo hábito. Outro passo importante é diminuir a tensão psicológica. Isto pode ser feito mediante a prática de esportes e exercícios de relaxamento. Já os distúrbios psiquiátricos como depressão e ansiedade devem ser aliviados e medicados, se necessário, através da psicoterapia”, esclarece Priscila.
A especialista explica ainda que hábitos como mascar chicletes, morder ou apertar objetos devem ser considerados como um vício concomitante do bruxismo e, portanto, eliminados durante o tratamento: “O paciente deve ser orientado a utilizar um dispositivo interoclusal de cobertura total para proteção ao desgaste oclusal pela atrição noturna. O portador de bruxismo deve ser acompanhado por um profissional da odontologia”.
TRATAMENTO COM TOXINA BUTOLÍNICA
A toxina butolínica, popularmente conhecida como botox, pode ser aliada no tratamento do bruxismo. Segundo a cirurgiã-dentista, a aplicação do botox não garante a cura, mas auxilia no controle do quadro:
“A toxina botulínica interfere diretamente no funcionamento dos músculos, realizando a inibição da contração muscular. Quando ela é aplicada por dentistas na região dos músculos da mastigação, que são os mesmos responsáveis pela contração involuntária (bruxismo), estes são bloqueados. Portanto, mesmo que haja tensão, estresse e alterações psíquicas (causas comuns do bruxismo), o músculo, bloqueado pelo Botox, não consegue contrair de forma involuntária durante o sono”
De um modo geral, não há restrição do uso do botox entre os pacientes que têm bruxismo, mas deve ser evitado em áreas inflamatórias e em pessoas que apresentam histórico de hipersensibilidade. Priscila atenta para a necessidade do procedimento ser realizado por um bom profissional, visto que o dentista deve conhecer muito bem a anatomia muscular do rosto e as zonas de perigo para aplicação do botox, para assim garantir o melhor resultado possível.