22/08/2023

Dia Internacional de combate à LGBTfobia: histórias de luta

Maísa e Diully são namoradas e comentam como o preconceito e o machismo atingem casais LGBTQIA+ com falas hostis

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A data teve definição em 1990 (Foto: Reprodução/Pixabay)

O Dia Internacional de combate à LGBTfobia ocorre hoje (17). A data alusiva iniciou após o ano de 1990, quando a Organização Mundial da Saúde (OMS) retirou a homossexualidade da lista internacional de doenças. Até então, diversos países ainda tratavam os homossexuais como pessoas com desvios patológicos mentais, o que permitia violações e preconceitos, até mesmo as terapias para reversão que eram conhecidas como a ‘cura gay’.

No entanto, mesmo com o passar dos anos, a comunidade ainda sofre preconceito e é vítima de ‘piadas’. Como forma de avançar no debate, a luta pelos direitos tornou o dia 17 de maio como o dia contra essa discriminação. A data oficial reforça as lutas da população LGBTQIA+ (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transsexuais, Queer, Intersexo, Assexual) contra a violência e perseguição às quais é submetida.

É importante ressaltar, que mesmo que a sociedade tenha uma evolução nesse sentido, os números de ataques, assassinatos, assédios e violência não diminuíram. No “Relatório Anual de Mortes Violentas de LGBT no Brasil” do Grupo Gay da Bahia (GGB), em 2019, embora demonstre redução em relação a anos anteriores, ainda se registram 329 mortes violentas de LGBTQIA+ no país, sendo 297 homicídios e 32 suicídios, uma morte a cada 26 horas.

O PRECONCEITO

Durante a semana passada, Gil do Vigor, participante do Big Brother Brasil, sofreu ataques homofóbicos. Renan Valeriano e Flávio Koury disseram que a visita de Gil ao Sport Clube do Recife seria seria “uma desmoralização” à história do Sport. Além disso, Flávio chegou a comentar que a torcida iria achar que “na Ilha só tem viado”. Em seguida, Renan teria concordado com o posicionamento. “Também sou conselheiro do Sport, compactuo com o que foi falado pelo doutor Flávio e não concordo com a veiculação da nossa marca da nossa imagem por esse cidadão”, expôs.

Outro retrocesso é o projeto de lei 504/20 sobre temática LGBTQIA+. De autoria da deputada estadual Marta Costa, o PL que quer proibir “através de qualquer veículo de comunicação e mídia de material que contenha alusão a preferências sexuais e movimentos sobre diversidade sexual relacionados a crianças no Estado de São Paulo”.

CASOS REAIS

Maísa Hass de Medeiros, de 16 anos, comenta que muitas vezes a comunidade LGBTQIA+ sofre preconceitos antes mesmo de se ‘assumir’ homossexual. “Em relação ao preconceito, eu acredito que não tem uma pessoa que não sofreu na vida. Quando eu estudava em uma escola, a diretora me chamou na sala dela várias vezes para apontar coisas que eu fiz, que todas as meninas faziam, mas pela minha opção sexual, eu tinha o nome colocado na ata e chamava minha atenção, me punia”. A adolescente recorda uma situação.

Uma vez teve uma festa do pijama na escola e uma mãe de uma aluna foi até lá e queria tirar a filha de lá, porque eu estava lá. Eu sei disso porque a diretora me chamou a atenção e falou abertamente sobre isso. Lembro que fiquei muito mal, chorei muito, doeu muito.

Maísa namora com a jovem Diully Borodiaki, de 19 anos. As duas já sofreram preconceito até mesmo por andarem de mãos dadas nas ruas. “A gente passa na rua, na frente de um homem, e ele sempre mexe com a gente. Eu e a Diully lutamos pelos nossos direitos. No entanto, isso me incomoda muito, os homens tem fetiches com lésbicas”. Sobre ter cabelo curto, a adolescente comenta que não se importa, pois acredita que ainda é uma falta de conhecimento por parte das pessoas em acreditarem que mulher precisa ter cabelo curto.

Por parte da família, Maísa comenta que sempre recebeu apoio da mãe e que encontra nela uma grande aliada, visto que a mãe sempre quer aprender sobre as diversidades do mundo. “Eu fico muito triste com o número de violência contra a comunidade no Brasil.

Diully conta que também já foi vítima de preconceito. “Tanto por ser uma mulher que gosta de mulheres quanto por ser uma mulher de cabelo curto”. Por parte da própria família, a jovem conta que só sofreu por decidir usar cabelo curto, mas sempre teve calma para entender que os familiares ainda são conservadores e que com a ajuda dela podem evoluir nesta questão e entender que o mundo é feito de pessoas diferentes. “Hoje, eles vivem elogiando meu cabelo, meu estilo e tudo mais”. No entanto, assim como Maísa apontou, a jovem também lembra os assédio.

Então, infelizmente, além de homofobia, também vem o assédio. ‘Ah, você gosta de mulher porque um homem nunca ‘ficou’ com você direito’, ou então, ‘fica comigo que eu te conserto. São umas coisas bem desnecessárias mesmo. Aliás, para alguns homens, duas mulheres namorando é bonito, mas se for dois homem já é um escândalo. Mas também tem muitas pessoas que olham com aquele sentimento de ‘coração quentinho’. Algumas nos olham e falam ‘vocês são muito lindas, combinam muito juntas, parabéns’. E, isso nos dá uma esperança enorme na humanidade.

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Antunes

Jornalista

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