22/08/2023

Em viagem, Thiago Juraski transforma histórias e experiências em músicas

De acordo com Juraski, dessa experiência, que deve durar três semanas, o resultado vai ser mais um álbum acústico, o ‘Rota do Nordeste’

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Thiago Juraski está na estrada há 14 dias (Foto: Arquivo pessoal/Thiago Juraski)

Há 14 dias na estrada Thiago Juraski segue pedalando, agora em solos nordestinos. O diário de bordo dessa viagem que faz parte do projeto ‘Em Cantos por aí’ do cantor e compositor, você confere aqui na Rede+ em uma série de reportagens especiais para o quadro ‘Mochilando’.

Thiago transforma histórias e experiências em músicas. Na maior parte do tempo sozinho, ele faz amigos, conhece lugares, observa detalhes e em uma alquimia de artista transmuta vivências em letras e melodias. De acordo com Juraski, dessa experiência, que deve durar três semanas, o resultado vai ser mais um álbum acústico, o ‘Rota do Nordeste’.

No dia 2 de fevereiro, ele saiu de Guarapuava com destino à São Paulo, de ônibus. De lá pedalou até Espírito Santo e seguiu viagem para Bahia. Em solos baianos, Mauricio Pillati, também morador da Região de Guarapuava encontrou o amigo e seguiram juntos na aventura durante alguns dias. Conforme Thiago, na quinta (9) a dupla pedalou 100 quilômetros entre Itabatã/BA e Caravelas/BA onde acamparam e passaram a noite na praia.

(Foto: Arquivo pessoal/Thiago Juraski)

Fomos no Projeto Jubarte daqui, visitamos alguns pontos turísticos, tomamos banho de rio, e fizemos amizades com as crianças. Elas ensinaram algumas brincadeiras, tipo jogar barro, pega-pega dentro d’água… As pessoas são bastante acolhedoras.

Na sexta (10) os ciclistas paranaenses saíram de Caravelas/BA, passaram em Alcobaça/BA, e depois partiram em direção a Prado/BA em um percurso de 70 quilômetros. “Foi dia de experimentar frutas e ver como cultivam a graviola, seriguela. Ganhamos até pitaya [risos]. Fomos recebidos por um casal que nos deixou ficar no quintal deles. Conhecemos a praça e até dançamos com a galera de bloco”.

No sábado (11) os viajantes tiveram que provar que estavam preparados para a ciclo-viagem. Isso porque entre Prado/BA e Corumbau/BA eles enfrentaram 80 quilômetros de estrada de areia. Segundo Thiago, até o momento esse tinha sido o dia mais cansativo pedalando, já que “a areia segurava bastante”.

Por não ter outro caminho, eles pedalaram um bom trecho na praia. Porém a maré estava subindo, e como a Região tem bastante falésias, que são formações instáveis e frágeis presentes ao longo do Litoral, eles precisaram se apressar.

Como toda boa viagem também é feita de perrengues, Thiago e Maurício acabaram enfrentando alguns. No percurso entre Prado/BA e Corumbau/BA, em um determinado ponto eles tiveram que atravessar um rio com a bicicleta e bagagens nas costas. Situação que se tornou frequente nos próximos dias. “Uma situação bastante inusitada, na hora foi bem difícil já que tínhamos pouco tempo”.

(Foto: Arquivo pessoal/Thiago Juraski)

Contando sempre com a ajuda de moradores locais, em seguida os jovens lavaram as bicicletas que estavam cheias de areia na casa de um senhor. “Se andar com elas assim, estragam bem fácil. Mas deu para lavar e continuar o caminho. Depois deste trecho já estávamos mais perto, andamos uma hora e meia para chegar na cidade de Corumbau/BA. Agora estamos acampando num camping”.

DOMINGO (12)

Continuando a viagem, o bom condicionamento físico de Thiago e Maurício mais uma vez se mostrou necessário. Novamente pedalando em estrada de areia eles partiram de Corumbau/BA e, após rodarem 60 quilômetros chegaram na Vila Iporanga. Dessa vez os aventureiros tiveram que optar por um segundo tipo de veículo, já que para seguir viagem na região é só por meio de barcos.

Passamos pela reserva dos Pataxós, também pelo Monte Pascoal, que é conhecido como desembarque da frota de Pedro Álvares Cabral. E a noite ficamos na vila de Porto Seguro, Iporanga/BA. Conversando com algumas pessoas, um rapaz, dono de uma pousada, nos ofereceu um quarto para ficarmos esta noite. A alegria do corpo depois de nove dias na barraca, é dormir numa cama.

Começando mais uma semana, oficialmente, na segunda (13) em busca de novas aventuras na ‘Rota pelo Nordeste’, Thiago, agora na companhia de Maurício, saiu de Iporanga/BA em direção a Porto Seguro/BA, pedalando cerca de 60 quilômetros pela areia.

(Foto: Arquivo pessoal/Thiago Juraski)

A primeira parada durante o percurso foi Trancoso/BA. “Lá há praias incríveis, transparentes, e se andar por um tempo, encontra praias desertas cristalinas e com corais”. Na cidade os viajantes conheceram a igreja São João Batista, conhecida como Igreja do Quadrado, construída em 1815 após demolição dos conventos jesuítas que existiam no mesmo local.

Ao contrário do ditado “caranguejo que dorme na praia a onda leva”, Thiago e Maurício se movem tal qual as ondas do mar: constantemente. De Trancoso/BA eles seguiram para Arraial D’Ajuda. Para chegar ao local eles também enfrentaram um trecho com desafio. “Tinha uma colina de pedras que tivemos que atravessar, e com a bicicleta não foi fácil, mas depois de um tempo conseguimos”.

Já quase anoitecendo, os amigos embarcaram na balsa com destino à Porto Seguro/BA. Chegando ao ponto turístico, eles se hospedaram e aproveitaram um pouco as ruas onde há bastante movimento devido às barraquinhas dos comerciantes.

TERÇA (14)

No último dia de Maurício em Porto Seguro, como bom turistas ávidos por curiosidades e histórias da cidade, eles passearam pelo Centro Histórico de Porto Seguro onde conheceram as três primeiras igrejas do país. Cada construção, antigamente, era para a frequentação de um grupo de pessoas. Uma para negros, outra para brancos pobres e a terceira para brancos ricos.

Thiago conta que na Região também ficam o Marco Zero, ou Marco do Descobrimento. O monumento trazido pelos portugueses, em torno de 1500, que trata-se de uma coluna de pedra portuguesa, representa a soberania portuguesa no local onde os navios portugueses atracaram durante o ‘descobrimento’ do país. ‘Porto Seguro’ recebeu este nome pois as embarcações podiam vir a costa em segurança já que o mar da região não possui ondas.

(Foto: Arquivo pessoal/Thiago Juraski)

Vimos o coco amarelo, que dizem ser o coco da Bahia. Experimentamos o cacau puro, o fruto lembra a jaca em consistência, viscosa, e da semente é feito o chocolate, mas ao morder é muito amargo, sendo in natura ou torrado.

Por fim, encerrando o dia, após curtir a praia e conhecer a cidade, Thiago se despediu de Maurício na rodoviária e seguiu viagem até Itagimirim/BA.

QUARTA (15)

(Foto: Arquivo pessoal/Thiago Juraski)

De Itagimirim/BA, novamente sozinho, Thiago pedalou até São João do Paraíso/BA, onde consegui uma carona e chegou ao destino, Ilhéus/BA por volta das 16h. Ilhéus tem em torno de 200 mil habitantes e é a cidade com o mais extenso litoral entre os municípios do estado.

Aproximando o virtual do real, Thiago encontrou o colombiano Jhonatan e se hospedou na casa dele, um amigo que conheceu nas redes sociais. “Ele já passou cinco anos andando de bicicleta pela América Latina. O pessoal é muito acolhedor, a casa é da Dona Isabel, e ela sempre acolhe os viajantes”.

Ontem o viajante também conheceu o casal de argentinos, Jhon e Marina, que estão há três anos e meio pedalando pelo Brasil. Nesta quinta (16) Juraski ainda visitou o centro histórico de Ilhéus/BA e já seguiu viagem para Itacaré/BA onde vai ficar. São cerca de 80 quilômetros pedalando e conhecendo parte do Nordeste brasileiro, colecionando vivências para retornar para Guarapuava no dia 20 deste mês.

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Antunes

Jornalista

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