O Brasil é o terceiro país que mais ouve podcast no mundo, conforme o estudo da Statista com o Ibope e CupomValido.com.br. São mais de 30 milhões de ouvintes. E entre eles estão os primos Eric Bruno e Pedro. O primeiro, analista de dados. Já o segundo, professor de inglês.
Apesar do formato ter se tornado um sucesso recentemente, os jovens de 25 anos são familiarizados com as produções muito antes delas ganharem gosto popular. Pedro conta que quem apresentou os programas de áudio a ele foi Eric, que em 2014/2015 já era consumidor assíduo.
“Eu gostei do formato mas não necessariamente dos conteúdos. Mas em 2016, conheci o Arthur Petry, um podcaster das antigas, que hoje tem programas grandes no Youtube, como o À Deriva. A forma como ele fazia, falando sozinho, sem cortes, edições nem nada, sobre as aflições e as graças da vida, me inspirou muito”.
A partir desse momento, Pedro passou a querer fazer algo do tipo. Eric que já cogitava a ideia embarcou na onda do primo, e juntos, aproximadamente em 2017, gravaram o que mais tarde seriam considerados os ‘pilotos’ do então ‘Fubar Podcast’.
F.U.B.A.R PODCAST
Em um primeiro momento talvez a sigla F.U.B.A.R cause estranhamento. Mas acredite, ela dá pistas sobre o que o podcast dos jovens laranjeirenses (gentílico para quem nasce em Laranjeiras do Sul) trata. Eric explica que o acrônico calão é comum no meio militar estanunidense, e que serve para descrever uma situação irremediavelmente caótica ou confusa.
Mas chegamos até esse nome assistindo um filme icônico dos anos 1980, Tango e Cash, protagonizado pelo Stallone e Kurt Russel. Quando eles estão perdendo um embate, mencionam a sigla que significa ‘Fucked Up Beyond All Recognition’.
Nascidos em datas próximas e criados juntos, como conta Pedro, a vivência entre os primos gerou uma sintonia. “Sempre brinco que eu e ele somos uma espécie de maldição um pro outro, aonde quer que um vá, o outro sempre acompanha de alguma forma”.
Fãs do universo audiovisual e viciados em podcasts, a vontade de ter alguma produção artística própria sempre fez parte dos projetos deles, como confirma Eric. Contudo eles queriam algo diferente da estrutura de podcasts voltados ao cinema que há no Brasil. “Procuramos fazer algo bem diferente desse formato. Como inspirações, acredito que principalmente, em outros podcasts na mesma linha, como o Caixa Preta e o Ben-Yur”.
Tomamos a iniciativa no começo de 2022. Completamos 1 ano esse mês.
UM SONHO
Motivados pela mais pura paixão, os produtores e apresentadores do ‘Fubar Podcast’ contam que, por enquanto, a produção não gera retorno monetário. “Isso nos limita, porém, paradoxalmente, nos deixa mais livres”. Por isso Pedro explica que para conciliar a vida de professor e podcaster eles tratam o programa “como um hobbie, um plano B ou C pra vida”.
Amo fazer o podcast e gostaria de viver dele ou de algo parecido um dia. Entendo a dificuldade mas não custa sonhar. Enquanto isso, preciso pagar minhas contas e meu trabalho de professor é meu plano A.
Mas engana-se quem pensa que eles não levam o projeto a sério. Para cada episódio, que varia entre 1h20 ou um pouco mais de 2h, eles fazem a escolha dos temas na semana anterior às gravações. Os jovens separam os assuntos e notícias relacionados a pauta, que majoritariamente giram em torno do cinema ou da comunicação e se preparam individualmente para a gravação do ‘Fubar Podcast’. “Existe um nicho pra todo tipo de conteúdo e estamos buscando o nosso”.
O programa é corrido, com poucos cortes e vai ao ar quinzenalmente, toda quinta, porém com ocasionais episódios extras. De acordo com Eric, os jovens gostam de abordar assuntos voltados às produções que eles estão vendo no momento.
“Nosso carro chefe é o quadro de encerramento do episódio, onde toda semana um dos participantes escolhe um filme que deseja assistir e que o outro também não viu. Tentamos escolher filmes que o público geral não conheça, assim já podemos indicar algo ou até precaver a pessoa de assistir uma bomba. Todo episódio falamos de um filme que assistimos”.
Os episódios são gravados em um estúdio rústico montado na casa de Pedro. Eles prezam pelo encontro presencial pois, assim, acreditam que “cara a cara, as reações são mais genuínas”. Além da veiculação do produto no Spotify, Eric e Pedro também produzem conteúdos para o Instagram e TikTok sobre o podcast.
ENTRE DADOS E LETRAS
Mesmo trabalhando em áreas distintas às que produzem no podcast, Eric e Pedro contam que o Fubar os satisfaz e está presente na vida deles de diferentes formas. Para Eric, que atua analisando dados, o fato de ele produzir um podcast focado no audiovisual gera estranheza em muitas pessoas. No entanto, ele afirma que só de escutar um pouco, algum episódio do programa, é possível perceber que não.
“De fato são extremos, mas existe diálogo entre as duas [áreas] . Como por exemplo, o nosso consumo nos dias de hoje, que é através de streamings onde utilizam algoritmos para análise dos dados gerados pelos assinantes”.
Me vejo por vezes flutuando entre uma perspectiva e outra. Gosto de ter essas duas visões sobre o todo. Produzir conteúdo sobre cinema sempre foi um objetivo, e tem sido muito gratificante falar sobre o tema ainda mais da forma que fazemos.
Já Pedro explica, que para além do profissional, o podcast serve como uma espécie de escape. “Eu sou uma pessoa um tanto quanto tímida e fechada, ao menos em primeiras impressões. Paradoxalmente, amo falar, expor ideias, fazer graça. Nele encontro utilidade pra todo o conhecimento que carrego na cabeça”. Além disso, é nele [podcast] que o jovem tem a oportunidade de fazer piadas e abrir a mente e o coração.
ONDE OUVIR
O Fubar Podcast está disponível, gratuitamente, na plataforma de áudio Spotify. Além disso, a cada episódio há a divulgação no Instagram.
Spotify: https://open.spotify.com/show/2CqLrvVbwuD2M0wQpN7PKL
Instagram: https://www.instagram.com/f.u.b.a.r_podcast/
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