22/08/2023

Entre o tabu e as pesquisas: a maconha em cenários brasileiros

No equilíbrio entre o estigma adquirido ao longo das últimas décadas e os resultados cada vez mais promissores, a planta tem garantido bem-estar e a retomada da qualidade de vida de muitos brasileiros

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Maconha (Foto: Reprodução/G1)

Letargia, náuseas, amnésia e depressão. Esses não são sintomas de uma doença, mas possíveis efeitos colaterais expressos na bula de um dos principais medicamentos para epilepsia vendidos no Brasil. As contraindicações são tão extensas que cabe a pergunta: e se houvesse uma substância natural capaz de diminuir crises, espasmos e outras doenças, sem tantos efeitos colaterais e que garantisse uma melhoria significativa na qualidade de vida de diversos pacientes?

Pesquisas modernas apontam que existe. O produto em questão é oriundo da Cannabis sativa L., a erva que no país ficou popularmente conhecida como maconha. No equilíbrio entre o estigma adquirido ao longo das últimas décadas e os resultados cada vez mais promissores, o vegetal tem garantido bem-estar e a retomada da qualidade de vida de muitos brasileiros, embora, até o momento, com acesso limitado a boa parte da população.

A Cannabis possui centenas de moléculas de interesse terapêutico, com os fitocanabinoides, incluindo o tetrahidrocanabinol (THC) e o canabidiol (CBD), sendo os mais estudados e aplicados na medicina. O CBD possui efeitos terapêuticos como anticonvulsivante, ansiolítico, antioxidante e anti-inflamatório, enquanto o THC se destaca pelo seu efeito analgésico, indutor do apetite e antiemético. Esses benefícios terapêuticos foram observados tanto em modelos animais quanto em ensaios clínicos, demonstrando-se seguros e eficazes, como explica o médico prescritor de Cannabis, Delfinus Nunes de Almeida.

No Brasil, hoje, por volta de 1 mil pessoas possuem habeas corpus preventivo que permitem o cultivo e o consumo da cannabis para tratar doenças como autismo, epilepsia, Alzheimer, fibromialgia, depressão, ansiedade e enxaqueca crônica. Além de 2.500 médicos que prescrevem a planta no país e algumas associações de pacientes com permissão para fornecer medicamentos para seus associados, como a Abrace Esperança, da Paraíba, com 28 mil inscritos. A Anvisa também autoriza a importação e comercialização de 18 produtos à base de cannabis. É importante que as pessoas entendam que estamos falando de ciência e muito conhecimento até chegar ao ponto terapêutico em que estamos. Existem milhares de artigos científicos, experiência prática no dia a dia, realizada por vários cientistas, pesquisadores e médicos prescritores do mundo inteiro, que fazem a prática com conhecimento.

A regulamentação da Cannabis no Brasil é um tema em constante evolução. Em 2020, a Comissão de Drogas Narcóticas das Nações Unidas (CND/ONU) retirou ela e os derivados da lista de drogas consideradas mais perigosas, classificando-a como de menor potencial danoso. No entanto, a decisão não alterou a capacidade dos países de decidir as próprias leis sobre a substância.

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Antunes

Jornalista

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