Festival de Parintins termina com sucesso de público e o boi Caprichoso campeão

Festival (Foto: Divulgação)

*Reportagem: Arnoldo Santos

O boi-bumbá Caprichoso tornou-se campeão do 55º Festival Folclórico de Parintins, tendo vencido o boi Garantido nas três noites de festival, que ocorreu nos dias 24, 25 e 26. Com o tema “Amazônia, nossa luta em poesia”, o boi campeão mostrou a diversidade biológica da floresta, a diversidade humana e a luta para sobreviver na maior floresta tropical do Mundo.

MOMENTOS MARCANTES

O boi campeão encenou o ritual Sucaí, do povo Tuparí, que mostrou a figura mítica chamada Tarupá, o espírito da friagem, do clima de frio e que traz sofrimento para quem mora na floresta. Na crença Tuparí, o canto e o assovio do curupira (criatura mística da mata que protege os bichos da mata) são os prenúncios de que Sucaí – o tarupá, espírito que afugenta o sol e faz a temperatura baixar – está a caminho da floresta.

Então, é chegado o momento de acender as fogueiras e celebrar o ritual onde serão repassados os ensinamentos que protegem o povo da ação letal da friagem.

MENSAGEM AMBIENTAL

A mulher, em convulsão térmica, devora partes do próprio corpo, iniciando sua jornada rumo a patokbiá: a aldeia dos mortos. O Pajé, em transe, vibra o seu maracá e afugenta o frio de Sucaí, livrando o restante de seu povo do morticínio, em um ritual que atualiza a centralidade do equilíbrio climático também
para os povos originários.

FESTIVAL

Em termos de números, o festival de Parintins se mostra como um dos maiores eventos do país, não só pela beleza artística, mas também pelos números. Os órgãos do governo do estado mobilizaram cerca de dois mil servidores, principalmente nas áreas de saúde e segurança. Em um festival que foi marcado pela emoção dos reencontros, depois de dois anos sem realizá-lo, por causa da pandemia, a preocupação com a covid-19 era plena. Mas até o final da primeira noite, apenas dois casos positivos haviam sido confirmados, desde os últimos 14 dias anteriores.

Os bois Garantido e Caprichoso trabalharam com orçamentos em torno de R$ 10 milhões, cada um. Dinheiro que sai, em grande parte do governo do Estado, Federal, e de patrocinadores fortes, como o Bradesco, Coca-Cola e, entrando este ano, da Pix Bet, a agência de apostas que patrocina clubes de futebol brasileiros e estrangeiros.

Para os patrocinadores, o interesse é tão grande de participar que todos se rendem ao costume local, obedecido como religião, e trocam as cores originais de suas marcas. Lata de coca-cola e placas do Bradesco azuis, não se encontra em outros lugares, que não seja em Parintins.

FESTA POPULAR

(Foto: Divulgação)

Parintins, uma cidade no interior do Amazonas, com cerca de 115 mil habitantes, segundo estimativa do IBGE para 2020, recebe, em poucos dias, cerca de 70 mil visitantes, que lotam toda a rede hoteleira dando oportunidade de pessoas comuns ganharem dinheiro alugando suítes ou casas inteiras para temporada.
O local vira destino de peregrinação de amantes da cultura popular e, claro, movidos pelo amor incondicional pelo vermelho do Garantido ou pelo azul, do Caprichoso.

Por sinal, amor que atiça a rivalidade ao nível de quentura só comparado ao calor que faz na região amazônica nesta época do ano. O rio Amazonas, o maior do mundo, está em plena força de volume. A região está alagada, lagos e cursos d’água navegáveis aparecem, fazendo surgir locais paradisíacos para banhos naturais.

Por tudo isso, Parintins comemora porque, segundo a prefeitura local, o evento faz o município reter cerca de R$ 80 milhões do dinheiro de turistas, de todas as partes do país e do mundo, deixados nos restaurantes, nas hospedagens, nas bancas café regional ou nas bancas de venda de peixes dos mais variados, com destaque para o tambaqui, que se faz assado na brasa, inteiro, com a mesma técnica do fogo destinado a picanhas e costelas bovinas.

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