22/08/2023


‘Judas e o Messias Negro’ resgate histórico de uma traição

A trama acompanha Bill O’Neil, um ladrão comum que, depois de ser preso, acaba coagido pelo FBI a trabalhar como agente infiltrado

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Fred Hampton (Daniel Kaluuya) (Foto: Reprodução/Youtube)

*Reportagem com vídeo 

O filme ‘Judas e o Messias Negro’ fortalece os ideais da luta contra o racismo e mantém o destaque para as pautas raciais nas grandes premiações do cinema. Desta vez, o retrato é de uma história real que aconteceu no auge do movimento revolucionário pelos direitos da população negra, nos anos 1960.

A trama acompanha Bill O’Neil (Lakeith Stanfield), um ladrão comum que, depois de ser preso, acaba coagido pelo FBI a trabalhar como agente infiltrado no movimento dos Panteras Negras, em Chicago. O objetivo era antecipar as ações do jovem líder em ascensão na cidade, Fred Hampton (Daniel Kaluuya).

Os destaques incontestáveis são Lakeith Stanfield e Daniel Kaluuya. Ambos foram indicados ao Oscar 2021, mas inexplicavelmente na mesma categoria: Melhor Ator Coadjuvante.

Assim, Kaluuya reproduziu fielmente o carisma de Hampton nos palcos e nas ruas. Carregando uma energia capaz de levar o espectador direto para seus pronunciamentos ali representados. No entanto, Stanfield, por meio de uma atuação contida, mas cheia de olhares e pequenas alterações de expressão, transitou entre a indiferença inicial quanto à questão racial. Mas também a crescente admiração pelo colega e a culpa por estar entregando a vida de irmãos nas mãos dos algozes.

BASEADO EM FATOS

O roteiro, no entanto, não consegue decidir se o protagonismo é deste ou daquele, tentando equilibrar o tempo de tela e a importância narrativa de ambos. Desse modo, talvez venha daí a indicação dos dois para a mesma categoria (além de evitar a concorrência com Chadwick Boseman na categoria Melhor Ator).

Além de ser uma história baseada em fatos, já conhecida especialmente no contexto histórico norte-americano, Judas e o Messias Negro traz uma referência bíblica que indica exatamente o que será visto na tela, uma história de traição, abrindo pouco espaço para surpresas.

Com isso, o caminho construído até a conhecida conclusão ganha ainda mais importância. Por fim, o diretor Shaka King consegue, em geral, fazer com que essa trajetória seja interessante e instigante, apesar de alguns entraves.

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Antunes

Jornalista

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