22/08/2023
Geral Guarapuava

Desesperada, família luta para reaver tratamento de filho

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Da Redação

Guarapuava – Uma família desesperada por ver o filho mais velho tendo surtos psicóticos ao ponto de ser amarrado à cama, por falta de tratamento. Essa é a situação quem vem vivida na casa de Dona Vera Bembem, nos últimos dois dias. Vítima de esquizofrenia  paranóica, Tadeu, 32 anos, já ficou internado na ala psiquiátrica do Hospital Santa Tereza durante sete anos. Há cinco, porém, está sendo tratado domiciliarmente. Ele toma 23 medicamentos por dia e precisa de sete enfermeiros que se revezam durante o dia e a noite. Tadeu voltou a ter convívio social e a estudar. “Só faltam três matérias para eu terminar o segundo grau no Cebeja: física, química e português”, disse à Rede Sul de Notícias, logo após o surto.

O pivô dessa situação foi o indeferimento de uma liminar que obriga a Fundação Copel a bancar o tratamento de Tadeu. A justificativa do juiz é que o senhor Sandersen Bemben, pai de Tadeu e funcionário aposentado da Copel, por ser doente, deixou de pagar a co-participação no plano de saúde. Dona Vera, sua esposa, porém, diz que mensalmente há descontos de até R$1 mil, que no seu entendimento, seriam a co-participação. “Nunca recebemos algum boleto para pagar. O valor vem descontado no holerite”, diz.

Sem o plano de saúde, a família não possui condições de comprar os medicamentos. “Tem remédio que custa R$ 380, outro mais de R$ 500”. Segundo dona Vera, a equipe de enfermeiros que cuida de Tadeu diuturnamente também foi dispensada. Sem assistência o paciente não poderá retornar às aulas que começam neste dia 29. “Vou ficar amarrado nesta cama pra sempre”? questiona. “Eu não quero voltar para a psiquiatria”, clama.  É que durante a crise, Tadeu se torna agressivo, colocando em risco a sua própria vida e a de seus familiares. Consciente da sua situação  quando está medicado, Tadeu sabe que a forma é necessária para contê-lo nos momentos de crises.

De acordo com o enfermeiro Genilson de Lima, que trata do paciente desde a psiquiatria, além da falta do tratamento, a questão emocional causada pela insegurança por estar sozinho [sem acompanhamento profissional] levam às crises. “Em dois dias o tratamento de cinco anos volta à estaca zero”, afirmou. Segundo Genilson, Tadeu estava ressocializado. “Saíamos passear, ele ia à aula, tocava violão. Estava tudo muito bem até que o tratamento foi interrompido”, diz. A equipe de enfermagem era contratada pelo Home Care –  assistência domiciliar que visa a continuidade do tratamento hospitalar no domicílio, realizado pela equipe multidisciplinar.

Segundo dona Vera, recentemente ela recebeu uma notificação judicial para que comprovasse a co-participação. “Como o desconto vem em holerite achei desnecessário explicar ao juiz”.

A Fundação Copel informa que não está autorizada a se manifestar sobre o caso de Tadeu Bembem, vez que a ação está sub judice e o processo corre em segredo de justiça.

 

 

 

Cristina Esteche

Jornalista

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