22/08/2023


Economia Paraná

Guarapuavano faz sucesso produzindo seda artesanal

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Cristina Esteche

Da Redação – O guarapuavano Gustavo Serpa Rocha é literalmente um homem de fibra. Zootecnista, professor, mestre em sericicultura, empresário têxtil, autodidata em pigmentos vegetais e tecelagem manual, ele transforma casulos descartáveis do bicho da seda nos mais finos tecidos que encantam cenários, vestem com elegância, se destacam em desfiles da moda nacional e internacional. Além da arte manual, a visão futurística e o olhar empreendedor, os ingredientes indispensáveis de Gustavo são a responsabilidade social e a eco-sustentabilidade.

Tudo começou quando o guarapuavano era professor na Universidade Estadual de Maringá (UEM), na cadeira de sericultura. “Vi que os casulos descartados poderiam ser fiados em forma manual com as velhas rocas laneiras – minhas conhecidas de Guarapuava- , e assim tudo se iniciou e prosperou. Isso ocorreu no ano de 1988”.

Retirando o casulo rejeitado dos lixões, reaproveitando-os em forma de fiação e tecelagem manual, o Casulo Feliz passou a  produzir tecidos diferenciados. “Depois foi agregado a tinturaria com pigmentos vegetais completando assim a produção de um material realmente orgânico e ecológico”.

Mas a preocupação de Gustavo foi além. Com pensamentos de cidadania e participação social, sua empresa foi instalada na região mais carente de Maringá. No quadro pessoal, 28 trabalhadores devidamente qualificados deixaram o ofício de catar lixo para se transformarem em tecelões de arte.

“Sedimentamos a espiritualidade da empresa em  princípios éticos, de forma ecológicos e na cidadania, desde  seu inicio, sempre atento com viabilidade comercial, mantendo a empresa solida, sem vulnerabilidade às mudanças da economia brasileira”, diz o empresário.

Hoje qualquer peça da "Casulo Feliz” é um luxo na decoração e na moda.  São tapeçarias, cortinas e tecidos encorpados para sofás e cadeiras. Tem uma produção diferenciada de tecidos, indo dos finíssimos organza até os pesados tafetás.

De acordo com Gustavo Serpa Rocha, o material produzido para a moda agrega tecidos de seda rústica, fiados e tecidos à mão. É esse processo criativo que está sendo apresentado em desfiles de moda,  tanto no SPFW ou  New York Fashion Week – L’Officiel.  "Desenvolvemos também uma linha de acionamentos, que vai de bijuterias, bolsas e sapatos, e os preciosos fios de  crochê”.

Sempre focado na beleza e satisfação dos clientes, a empresa desenvolve produtos com várias formas, texturas e cores como echarpes, mantas, tolhas de mesa individuais, almofadas, xales, luminárias, entre outros, ao lado dos principais estilistas brasileiros como Glória Coelho, Oskar Metsabaht, Reinaldo Lourenço, Teresa Santos, Patrícia Vieira, André Lima, Lino Vilaventura, Fause Haten, Samuel Cirnosck e  Clô Orozco.

"Estamos sempre em contato com os demais criadores da arte e da moda no Brasil, Ana Maria Vieira Santos, Fernanda Negrelli, Jun Nakau, Mario Queiroz, Alexandre Herchcovitch , Cris Barros e isso alavanca os  contatos com grandes marcas Osklen, Huis Clos, Animale, Cantão, Interne, Beraldin, V. Montoro, Fibras Naturales”.

Esse know-how também está presente na produção de  figurinos, cenografias e arte para televisão, apresentando um envolvimento de  brilho, cor e reflexos da luz. “Pelo fato da produção manual de nossos produtos com características procuradas pelas industrias cenográficas dos filmes épicos bíblicos, estamos constantemente estudando produtos-historia para a criação de figurino e cenário”.

O figurino de novelas e de filmes épicos-religiosos como Sansão e Dallila, Rei Davi, e agora o Os 10 Mandamentos, foram todos confeccionados pelo O Casulo Feliz.

"Bom lembrar, até de capítulos do seriado Milagres de Jesus também da produção Record, ambientado no Campo Real de Guarapuava, a parte de figurino é do O Casulo Feliz”, observa o empresário. Agora é a vez do figurino para "Josué – A Terra Prometida", outra produção da Record.

Cristina Esteche

Jornalista

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