22/08/2023


Geral Região

Terra de Direito diz que nota da Sesp é contraditória

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Da Redação com Assessoria/Brasil de Fato

Quedas do Iguaçu – A “queda de braço” entre o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e a empresa Araupel continua. O confronto entre policiais militares e os sem terra aconteceu por volta das 15h30 desta quinta feira (07), perto do acampamento Dom Tomás Balduíno, em Quedas do Iguaçu. Dois mortos e cerca de 20 pessoas ficaram feridas, conforme informações do MST. 

Entenda aqui, o caso ocorrido nessa quinta feira

De acordo com a secretaria do movimento, a Polícia Militar, seguranças e "jagunços" da madeireira Araupel participaram da ação. Na Araupel ninguém atendeu as ligações da RedeSul de Notícias no início desta noite. 

De acordo com o MST, em torno de 15 pessoas desceram para fazer vistoria numa área ocupada e havia pessoas do Bope [Batalhão de Operações Policiais Especiais] e da PM. "Não sabemos de fato quantas pessoas estão mortas e quantas estão baleadas porque a polícia agora não nos deixa chegar perto”, afirma o dirigente do movimento na região, que preferiu não se identificar. No momento há confirmação de mais de 20 feridos.

O MST diz que caso seja confirmada a informação, isso pode caracterizar omissão de socorro. A Secretaria Estadual de Segurança Pública (Sesp) diz que os policiais foram vítimas de emboscada e que equipes e um helicóptero foram enviados para resgatar os feridos.

CONTRADIÇÃO

Para o MST, a nota divulgada pela Sesp é contraditória quando afirma que os policiais foram alvos de emboscada,  mas quem morreu foram dois sem terra e outros seis ficaram feridos. Para o advogado da Terra de Direito, Fernando Prioste, apesar dos fatos ainda precisarem ser apurados, a posição da Sesp é contraditória. “É uma contradição dizer que a polícia sofreu emboscada, mas quem morreu foram os trabalhadores”, disse.

CONFLITO AGRÁRIO

Este cenário reflete parte do clima de tensão que paira sobre a região. Se de um lado a Araupel briga pela reintegração de posse na justiça, de outro, o MST acusa a empresa por grilagem na região. O conflito tem relação com o surgimento de dois acampamentos do MST na região centro-sul do Paraná, construídos nas áreas em que funcionam as atividades da empresa Araupel, exportadora de pinus e eucalipto. O primeiro acampamento, Herdeiros da Terra, está localizado no município de Rio Bonito do Iguaçu. A ocupação aconteceu em 1º de maio de 2014 e hoje abriga mais de mil famílias.  De acordo com o MST,  são aproximadamente 1,5 mil hectares para a produção de alimentos.

O segundo acampamento, Dom Tomás Balduíno, cuja ocupação teve início em junho de 2014, possui 1500 famílias e fica na região de Quedas do Iguaçu. Ao contrário da outra ocupação, esta possui 12 alqueires de área aberta, sendo apenas nove – cerca de 30 hectares – utilizados para o plantio.

Procurado, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) informou não poder se posicionar sobre o caso, já que trata-se de um acampamento, e não assentamento. Procurada, a Ouvidoria Agrária Nacional informou que não tem informações sobre o caso, mas que está verificando o ocorrido.

Cristina Esteche

Jornalista

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