22/08/2023


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Setor nuclear quer triplicar número de usinas no mundo até 2050

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O mundo tem atualmente 450 reatores nucleares para fins pacíficos operando em 33 países e 50 em construção. Empresas e nações que desenvolvem esse tipo de energia buscam agora triplicar o número de usinas nucleares até 2050, aumento que representaria 25% da eletricidade mundial.

Durante o Congresso Mundial de Energia Nuclear (AtomExpo 2016), que reuniu cerca de 5 mil pessoas de 55 países na última semana em Moscou, a diretora-geral da Associação Mundial de Energia Nuclear, Agneta Rising, disse que acredita que a entrada de novos atores no mercado poderá possibilitar esse aumento. Hoje, a energia nuclear responde por 11%, segundo ela.

“O aumento da demanda e a necessidade de energia limpa para reverter o quadro das mudanças climáticas são nossos maiores estímulos. Triplicar é possível, temos muita experiência para fazer essa ampliação de novos países na comunidade nuclear. Mas, para isso, não podemos criar novos obstáculos nem recuar”, acrescentou.

Durante o encontro, patrocinado pela estatal russa de energia nuclear Rosatom, o diretor-geral da empresa, Sergey Kirienko, disse que até 2030 as centrais nucleares russas vão impedir a liberação de 711 milhões de toneladas de CO². “Precisamos evitar que a temperatura na terra continue subindo, e a energia nuclear é fundamental para a produção de energia de baixo carbono em combinação com outras fontes limpas”, declarou.

SEGURANÇA

O congresso coincide com o aniversário de 30 anos do acidente de Chernobyl, na Ucrânia, o maior desastre nuclear da história, que causou a morte de cerca de 4 mil pessoas, segundo a Organização Mundial da Saúde, e contaminou áreas da Ucrânia, Bielorrússia e Rússia. Um em cada cinco bielorrussos vive em solo contaminado, e a zona de exclusão de 30 km ao redor de Chernobyl permanece até hoje.

O vazamento na usina de Fukushima, há quatro anos, foi o segundo maior acidente da história e causou uma reviravolta no setor. Países como a Alemanha, o Japão e a Suíça decidiram abandonar o projeto nuclear gradualmente depois do acidente, que devastou o Nordeste do Japão e deixou quase 100 mil desabrigados.

As conferências dos participantes do AtomExpo destacaram os avanços na área de segurança desde Chernobyl e Fukushima, tornando as usinas nucleares mais seguras do que andar de avião ou viajar de carro. Os conferencistas lembraram, várias vezes, que a energia nuclear não emite gases causadores do efeito estufa e que algumas gramas de urânio fornecem a mesma quantidade de energia que cerca de 1 tonelada de carvão.

De acordo com o físico nuclear e ambientalista Bruno Comby, que participou do evento, as energias solar e eólica não são suficientes para salvar o planeta do aquecimento global por serem intermitentes. “A energia nuclear é barata e abundante para abastecer fábricas, cidades e nosso mundo cada vez mais industrial, em que os carros elétricos serão a solução para o futuro”, disse ele, que minimizou os riscos da radiação. “O lixo atômico é mínimo. As pessoas têm medo de radiação, mas ela está por todos os lados na natureza. Radiação não é um problema, mas uma solução”.

A defesa da energia nuclear como limpa e segura não ficou apenas no discurso. A estatal Rosatom patrocinou a viagem de dezenas de jornalistas de vários países para a cidade Novovoronezh, a 500 quilômetros ao sul de Moscou. Os jornalistas eram, sobretudo, de nações em desenvolvimento, como a Índia, Nigéria, o Brasil, a Argentina, Bolívia, onde boa parte da população vê com desconfiança e temor a construção de usinas nucleares.

Cristina Esteche

Jornalista

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