22/08/2023
Guarapuava Segurança

"Chegamos ao fundo do poço", diz policial civil

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Da Redação

Guarapuava – Policiais civis de Guarapuava anunciaram o início da operação “Cumpra-se a lei”, na manhã desta terça feira (26). Isso significa que todos os procedimentos serão limitados apenas ao que compete à função de escrivães, investigadores e papiloscopistas.

“Não vamos cumprir mandados de prisão e de busca e apreensão, escolta, investigações e outras diligências policiais”, disse o presidente do Sindicato da Classe de Policiais Civis (Sinclapol), André Luiz Gutierrez. Ele está em Guarapuava. O resultado é a paralisação dos inquéritos em andamento.

A mobilização que acontece em todo o Paraná quer chamar a atenção do Governo do Estado para o cumprimento das promessas feitas à categoria durante a campanha eleitoral do governador Beto Richa, em 2014. “Estamos vendo um dos maiores descasos para com a segurança pública e, consequentemente, para com a sociedade”, disse um dos policiais à RedeSul de Notícias. LEIA AQUI

Para o delegado chefe da 14ª Subdivisão Policial, Rubens Miranda Junior, a reivindicação dos policiais é justa. “Eu não posso interferir, mas vou continuar fazendo o meu trabalho normalmente. Quem quizer me acompanhar voluntariamente, deverá fazê-lo. Entendo que a segurança da sociedade deve ser preservada”.

INSEGURANÇA

O trabalho dos policiais está sendo marcado por contrassenso. Quem cuida da segurança da população trabalha com insegurança. “Cerca de 95% dos coletes à prova de balas estão vencidos há mais de três anos. A munição que utilizamos também está vencida e é pouca”, intervém outro policial. Cada policial recebe 25 munições por ano e a última vez desse repasse foi em 2013.

Sem coletes e sem equipamento individual de segurança, os policiais ficam impedidos de utilizar as viaturas.

"FUNDO DO POÇO"

“Chegamos ao fundo do poço. Não dá mais para suportar essa situação. Estamos vivendo um caos. Somos em apenas 26 policiais e a metade ainda não fez academia, portanto, não pode sair para diligências. Eles [policiais] foram empossados há quase três anos”. A afirmação de um dos policiais que atua na 14ª SDP retrata apenas parte do cotidiano policial.

A 14ª SDP atende Guarapuava, com cerca de 180 mil habitantes, além de Candói, Turvo, Foz do Jordão e Campina do Simão, diretamente. Outras 14 regionais também estão sob a jurisdição da 14ª, o equivalente a um universo de cerca de 300 mil pessoas para 26 policiais.

De acordo com o presidente do Sinclapol, André Luiz Gutierrez, a falta de capacitação é outro agravante. “Há policiais com 15 anos de serviço que nunca passou por uma reciclagem. Essa é a realidade da maioria dos policiais civis do Paraná”. Segundo o sindicalista, a polícia civil deveria ter parado há muito. “Isso só não aconteceu pela boa vontade dos policiais que pensam na segurança da população”.

 

 

 

 

Cristina Esteche

Jornalista

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