Audiência vai decidir se Carli Filho vai a júri popular

Guarapuava – Nesta quinta-feira (4), a partir das 9 horas, as atenções da sociedade paranaense estarão voltadas para a 2ª Vara do Tribunal do Júri de Curitiba, no Centro Cívico.
Será nesse local que o ex-deputado estadual Fernando Ribas Carli deverá sentar na cadeira em frente ao juiz Daniel Ribeiro Surdi de Avelar, para depor sobre o que aconteceu na madrugada de 7 de maio de 2009, quando provocou o acidente que matou os jovens Gilmar Rafael Yared e Carlos Murilo de Almeida. Carli Filho, conforme laudos periciais, dirigia bêbado e em alta velocidade. Tanto é que està sendo denunciado por duplo homicídio qualificado com dolo eventual (caso em que a pessoa assume o risco do que está fazendo).
Além de Carli Filho, o juiz vai ouvir 38 pessoas, entre testemunhas de acusação e defesa. De Guarapuava, apenas o irmão do ex-deputado, Bernardo, deverá depor.
Heitor Izidoro, que era o chefe de gabinete na Assembleia quando Carli Filho era deputado, também foi arrolado pelo advogado de defesa Roberto Brzezinski Neto.
Na lista dos favoráveis ao ex-deputado estão também os deputados estaduais Valdir Rossoni (PSDB) e Durval Amaral (DEM). Eles podem depor em lugar especial, designado por eles num prazo de 30 dias.
Esse será um dos casos mais polêmicos no cenário jurídico do Paraná, pois é a primeira vez que um parlamentar é processado por crime de trânsito.
Após essa etapa (audiência de instrução e julgamento), o Ministério Público e os advogados de acusação e de defesa farão as considerações finais. O juiz, então, proferirá a sentença, definindo se o caso irá ou não ao Tribunal do Júri.
Em Guarapuava, o jovem Diego Pereira dos Santos, envolvido em caso semelhante ao acidente provocado pelo deputado, foi condenado a 16,4 anos de reclusão. Diego dirigia embriagado, “furou” uma via preferencial e provocou a morte dos jovens Ericsson Augusto Pereira e Maridelma Luteski. Diego foi preso em flagrante e já cumpriu dois anos de prisão antes do julgamento, enquanto Carli Filho aguarda os desdobramentos do caso em liberdade.
A expectativa dos advogados que compõem o Escritório Jurídico Elias Mattar Assad, contratado pela família Yared, é que o ex-deputado vá às barras do tribunal. “Estamos confiantes na Justiça”, disse Samir Assad à TRIBUNA.
O advogado de defesa Roberto Brzezinski disse à TRIBUNA que só se manifestará após a audiência.

Texto publicado originalmente no jornal Tribuna Regional do Centro-Oeste de sábado (30)

Foto: arquivo