22/08/2023
Política

Prefeito diz que tem R$ 20 mi e anuncia obras que endividarão o município

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Guarapuava – O prefeito Fernando Ribas Carli (foto) comemora o superávit financeiro e garante que a Prefeitura possui R$ 20 milhões em caixa. O anúncio foi feito durante a ida de Carli à Câmara, na terça-feira (23).
Mesmo com tanto dinheiro em caixa, Carli, que sempre descartou obras e convênios do governo do Estado, prefere endividar o município em R$ 14 milhões com o financiamento contraído junto ao Paraná Cidade e ainda superfatura a taxa da coleta do lixo, hoje indexada no carnê do IPTU, cujo aumento, em alguns casos chega a 750%.
“Se a Prefeitura tem tanto dinheiro em caixa, por que o prefeito precisou endividar o município?”, questionou o presidente do PPS em Guarapuava, Cesar Silvestri Filho, na quinta-feira (25).
A resposta para a nova postura de Carli, que passou a aceitar as ofertas do Estado, é simples. Em ano eleitoral o prefeito precisa de obras no município para tentar enfraquecer a pré-candidatura do principal adversário, mesmo que para isso tenha que se aliar à família Mattos Leão. Afinal, nada sai do governo estadual para Guarapuava sem passar pelo deputado estadual Artagão Junior (PMDB).
Vale lembrar que durante a gestão anterior Carli preteriu a ação do Estado em todos os projetos que dependiam de convênios com o município. Foi assim com a Sanepar, com o Educandário, com casas populares, entre tantos outros. Neste ano, porém, assinou convênio para a construção de um Centro da Juventude em solenidade na Prefeitura junto com Artagão Junior.
Essa aproximação entre Carli e a família Mattos Leão suscita a possibilidade de um novo acordo entre os dois grupos políticos, já de olho nas próximas eleições municipais.
A nova situação política da Câmara de Vereadores, “capitaneada” pelo peemedebista Admir Strechar, também é uma demonstração da nova parceria. Admir não faz nada sem o aval dos Mattos Leão e desde novembro do ano passado está muito próximo de Carli. Foi o oitavo voto nas aprovações dos pedidos dos créditos adicionais especiais encaminhados por Carli no “apagar das luzes” de 2009, que rendeu aos cofres municipais a “bagatela” de quase R$ 7 milhões, e aos cofres da Câmara perto de R$ 1 milhão.
Após ter “amargado” um ano de rejeições por parte de 8 dos 12 vereadores agregados no chamado G-8, Carli montou um esquema que foi capaz de atrair para si quem o tinha traído no imbróglio da eleição para a presidência da Câmara em 2009, quando sua prima e fiel escudeira, Maria José Mandu Ribas, foi derrotada.
Quatro oposicionistas até então ferrenhos (João Napoleão, Gilson Amaral, Admir Strechar e Sadi Federle) se somaram à bancada “carlista”, dando ao prefeito a garantia de que tudo que for enviado à Câmara será aprovado, mesmo à revelia da população. Foi assim com o aumento abusivo da taxa da coleta do lixo e com o endividamento do município.
Foto: Nagel Coelho/Rede Sul de Notícias

Cristina Esteche

Jornalista

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