22/08/2023


Paraná investiu quase 4 milhões em cursos de profissionalização

Em agosto de 2017 o governo assinou um protocolo de intenções para disponibilizar o Sistema

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Formatura é formatura. Têm discurso, diploma, foto, flores, abraços, música e alegria. Tem família presente e tem quem não pode vir. É um ciclo que se encerra, dando lugar à esperança de que dias melhores virão. Não é diferente em um Centro de Socioeducação (Cense). Nessa sexta feira, (09), 39 adolescentes que cumprem medida socioeducativa no Cense São Francisco, em Curitiba, tiveram a formatura dos cursos profissionalizantes, dos quais participaram nos últimos dois meses. A formatura é um momento de valorização e reconhecimento da trajetória dos adolescentes durante a realização dos cursos. Demarcam a conclusão de um ciclo e refletem a capacidade desse jovens em se implicar com seus projetos de vida.
A mãe de um dos formandos não esconde o misto de sentimentos. “Eu tô feliz e orgulhosa. Mas não queria que ele estivesse aqui”, confessa.
Sozinha, com cinco filhos, ela se viu obrigada a deixar o mais velho morando com a avó. Acreditava que estava tudo bem, quando foi informada que o menino, de 16 anos, havia “caído”. “Perdi meu chão. Perdi o emprego também porque não conseguia trabalhar. Eu estava morando no norte do Paraná e acabei me mudando pra cá. Queria estar mais perto dele neste momento”. Quase dois anos depois “sem faltar a nem uma visita”, como ela gosta de enfatizar, consegue avaliar como positiva a passagem do filho pela socioeducação. “Ele tinha parado de estudar e eu nem sabia. Aqui voltou. Esse é o segundo curso que ele faz. Tenho fé que vai ser tudo diferente”, completa.
E estar numa unidade de socioeducação é a segunda chance para muitos adolescentes. O orador da turma, W.A.S. de 17 anos, que exibe um sorriso orgulhoso e veste um uniforme de garçom, curso no qual estava se formando, quer se preparar para o Enem. “Eu não queria ter vindo pra cá, né. Mas se não tivesse vindo, não teria aprendido tantas coisas. Quero fazer uma faculdade. Ainda não sei qual, mas vou me preparar para tirar uma nota boa no Enem e conseguir uma bolsa de estudos”, planeja.
Os adolescentes não são obrigados a participar dos cursos. Mas a adesão é grande e faz diferença na trajetória de quem passa pelas unidades. “A gente vai observando o dia a dia dos meninos. Aqueles que fazem pelo menos um curso se afastam mais rápido da infração. Vão mudando a rota gradualmente. Voltam a sonhar”, explica o diretor do Cense São Francisco, Jorge Wilczek, que há doze anos trabalho com socioeducação.
Essa foi uma das últimas formaturas do ciclo de profissionalização que começou em 2017, em todas as unidades do Departamento de Atendimento Socioeducativo, da Secretaria da Justiça, Trabalho e Direitos Humanos.
No ano passado, foram oferecidos 23 cursos profissionalizantes, nas unidades socioeducativas de internação e semiliberdade, 24 de todos os 27 centros de socioeducação. Ao todo, foram 1.834 participações, num investimento de quase 4 milhões de reais, com o apoio do Cedeca-Pr. “Nós temos investido bastante em socioeducação, tanto que o Paraná é modelo para o Brasil, graças à sensibilidade do governador Beto Richa. Fora o investimento em qualificação dos adolescentes, nós investimos muito na formação dos profissionais que atuam com esses meninos e meninas. Ano passado, contratamos 82 novos profissionais e oferecemos 11 capacitações, entre alinhamentos técnicos, formação administrativa e treinamentos”, comentou o secretário da Justiça, Trabalho e Direitos Humanos, Artagão Júnior.
Em agosto de 2017 o governo do Paraná assinou um protocolo de intenções, junto ao Ministério dos Direitos Humanos, para disponibilizar o Sistema Informatizado de Medidas Socioeducativas (SMS), usado no estado, para todo o Brasil.

Cristina Esteche

Jornalista

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