22/08/2023
Região

Igreja de São Josafat aguarda recursos para ser restaurada

Prefeito Adelmo busca recursos aprovados pela Lei Rouanet, com a governadora Cida Borghetti

josafat

Em breve o município de Prudentópolis poderá restaurar o santuário de São Josafat, o padroeiro. Templo de origem secular, considerado um dos mais belos do Brasil, traz a essência da arquitetura bizantina e o misticismo do rito ucraniano. Porém, o tempo desgasta e detalhes precisam serem recuperados. Em respeito à fé comungada pelos habitantes do município, o prefeito Adelmo Klosowski (PSDB), foi a Curitiba e em audiência com a governadora Cida Borghetti (PP) solicitou a liberação de recursos já garantidos pela Lei Rouanet. “A governadora garantiu que virá anunciar esse recurso”.

Cida Borghetti e Adelmo (Foto: Divulgação)

Para o prefeito, recuperar e preservar a Igreja de São Josafat, é uma das mais importantes obras. “Além do respeito à fé do nosso povo, estamos também recuperando um patrimônio religioso, cultural e turístico”.

Desde 1979, a Igreja de São Josafat é tombada pela Secretaria de Cultura do Estado como patrimônio artístico e cultural do Paraná.

UM POUCO DA HISTÓRIA

Igreja de São Josafaft(Foto: Patrimônio Espiritual)

Falar sobre a história da Igreja São Josafat é remeter à chegada dos imigrantes ucranianos. Numa viagem ao tempo é ver as carroças que foram chegando trazendo como principal bagagem imigrantes que deixaram a longínqua Ucrânia, atraídos por alqueires de terra fértil oferecidos pelo Império do Brasil. Era o ano de 1981. Prudentópolis foi o primeiro município do Paraná a receber as famílias que deixaram a Ucrânia Ocidental. O tempo passou, as famílias cresceram e hoje 70% dos seus habitantes descende de ucranianos.

Preservando as raízes da terra distante, a fé sempre foi a seiva que deu forças para a superação das dificuldades com que se depararam ao chegar na terra estranha. Sem nenhuma assistência, não conhecendo a língua, sem meios de comunicação, sem transporte, sem estradas, sem ferramentas, sem recursos, viram-se forçados a desbravar os sertões, como está escrito na Metroplia Católica Ucraniana São João Batista. Trouxeram no coração a fé em Deus, e só mesmo com muito sacrifício, muita luta e muita fé, conseguiram vencer os obstáculos.”

Pia batismal no jardim (Foto:Patrimônio Espiritual)

Construir uma igreja, portanto, foi fundamental. Surgiu a Igreja de São Josafat. De acordo com a Metroplia Católica Ucraniana São João Batista, o núcleo religioso e cultural, teve início com a vinda do primeiro missionário do Rito Oriental Ucraíno-Católico, padre Silvestre Kizema, da Ordem dos Padres Basilianos, que chegou a Prudentópolis, em 6 de julho de 1897, e de demais sacerdotes do mesmo rito, que sucessivamente vieram da Ucrânia. No mesmo ano, foi fundada por Dom José Camargo, primeiro bispo de Curitiba, a primeira paróquia do Rito Ucraíno-Católico e abriu-se o primeiro Livro de Batismos e Crismas, em latim, e no dia 8 de julho de 1897, realizou-se o primeiro batizado.

Um dos altares (Foto: Patrimônio Espiritual)

Segundo os registros, a primeira capela de madeira foi construída em 1898. Foi uma capela provisória, situada entre a Avenida São João e o Colégio das Irmãs Servas de Maria Imaculada. E a segunda, também em madeira, com maiores dimensões, foi construída em 1904: na esquina oeste do terreno onde atualmente encontra-se instalado o Colégio Imaculada Virgem Maria. Ambas tinham como padroeiro São Basílio Magno.

O decreto da criação da paróquia deu-se no ano de 1904, assinado por Dom José Camargo, arcebispo de Curitiba.

No dia 18 de abril de 1923, realizou-se a bênção da pedra fundamental da atual Igreja. A construção foi iniciada logo em seguida, sob a direção dos sacerdotes basilianos Marquiano Skirpan e Eustáquio Turkovid. Até os dias de hoje, a igreja permanece como foi projetada e construída.

UMA DAS MAIS BELAS DO PAÍS

 

O Santo (Foto:Patrimônio Espiritual)

Própria do rito bizantino a Igreja São Josafat está entre as mais belas do país. Possui 38 metros de comprimento, 28 de largura e 30 de altura. Foi construída entre os anos de 1922 e 1932, toda em alvenaria. As suas torres e abóbadas condizem perfeitamente com o seu estilo bizantino.

O seu interior é original e rico, sua ornamentação é detalhada e bonita, e diferencia-se muito das igrejas do rito latino. Além da pintura, o grande destaque é o Ikonostás, um conjunto de imagens (ícones) da história da salvação. Também é a parede que separa o Santuário da nave dos fiéis.
De acordo com o estilo bizantino-ucraniano, o interior da Igreja é dividido em três partes:

Vestíbulo é a parte da entrada pela porta principal. Nos primeiros séculos do cristianismo, o Vestíbulo era reservado às pessoas que estavam se preparando para o batismo.

O altar (Foto: Patrimônio Espiritual)

Conta também com a Nave dos Féis, onde  no centro está o tetrapod (mesa quadrada), onde são ministrados os sacramentos: do batismo, crisma, casamentos; são celebradas parastássys, panachydas (orações fúnebres) e outras sagrações e bênçãos. Nas laterais há dois altares: do Sagrado Coração de Jesus e de Nossa Senhora, e ao lado do ikonostás o púlpito em forma de barca.

O Santuário é a principal divisão da Igreja. No centro há o altar-mor com baldaquino, onde é celebrada a Santa Missa, e onde se encontra o Tabernáculo (tendo o formato de uma miniatura da Igreja), Evangelho, crucifixo e castiçais. O Santuário é separado da nave dos fiéis pelo Ikonostás. O ikonostás tem três portas. Pela porta central só é permitida a entrada ao celebrante, durante as celebrações.

A beleza impera (Foto: Patrimônio Espiritual)

As portas laterais são denominadas portas dos diáconos. Entre elas situam-se as imagens (ícones) de Cristo Redentor, da Virgem Maria Mãe de Deus, São João Batista e São Nicolau. Acima das três portas do Ikonostás há três filas de imagens, que representam os 12 dias santificados mais importantes do ano, 12 apóstolos e 12 profetas. No alto do está a imagem de Cristo Redentor. Junto ao Santuário existem duas sacristias laterais.

Perto da Igreja, está o campanário, com seis sinos, uma estátua de Cristo-Rei e uma gruta, com a imagem de Nossa Senhora de Lourdes, incrustada na parede principal.

 

Cristina Esteche

Jornalista

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