22/08/2023
Política

Concurso público cancelado arrecadou R$ 1 milhão com inscrições

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Uma grande apreensão toma conta dos cerca de 16.000 inscritos no concurso público da Prefeitura de Guarapuava, que deveria ser iniciado neste sábado (com provas na área de saúde) e foi cancelado por “tempo indeterminado” pela Justiça. A sentença acolheu parecer do Ministério Público, com base em denúncias do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais, principalmente com relação a irregularidades na contratação das duas empresas que foram selecionadas pela Prefeitura para organizar o concurso.
Em diversas reportagens, a Rede Sul antecipou essas irregularidadesa, amparando-se nas provas colhidas pelo Sindicato e também em decisões similares, em Cascavel e Toledo, que se tornaram precedentes jurídicos por incorrerem nos mesmos erros (pregão eletrônico por menor preço, quando o correto é preço e técnico juntos). Pelo que deu a entender, a Administração Carli preferiu correr o risco, apostando que o Ministério Público e o Judiciário iriam  “comer barriga”.
Durante toda a fase preparatória do certame, o prefeito Fernando Ribas Carli deu declarações às rádios de sua propriedade (92 FM e Cacique, a quem só fala) exultando o fato de ser o “maior concurso da história de Guarapuava”. A nenhum dos problemas levantados ele fez consideração.
Com as inscrições do concurso público, os organizadores devem ter arrecadado por volta de R$ 1 milhão (as taxas variaram de R$ 20,00 a R$ 100,00).
A Requena, uma das duas empresas contratadas, tem como endereço um apartamento residencial no centro de Curitiba. A sala está sempre fechada e o telefone não atende.
Se a expectativa dos inscritos já era grande na fase inicial, com diversas informações que colocavam o concurso sob suspeita, pode-se imaginar como essas pessoas estão agora. O alto índice de desemprego em Guarapuava é um dos motivos apontados pela grande procura por um emprego público. Contudo, são apenas 750 vagas – ou seja: mais de 15.000 pessoas não irão passar, mas o valor de suas inscrições não será devolvido.
O presidente da comissão organizadora, Paulo Tavares, foi procurado diversas vezes pela reportagem e não retornou nenuma delas. Ele é irmão da secretária de Promoção Social, Mara Rubia Tavares Ribas, que é casada com um primo e sócio particular do prefeito Fernando Ribas Carli.

Cristina Esteche

Jornalista

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