22/08/2023


Paraná Política

Dividido, MDB ainda busca uma chapa de consenso com o grupo de Pessuti

João Arruda diz que o momento "não é de divisão"; Pessuti quer espaço no partido

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Da esquerda para direita: Sérgio Souza e João Arruda (Fotos: Reprodução)

Todos em torno do deputado João Arruda, candidato à presidência do MDN no Paraná. Este é o refrão que vem sendo repetido por lideranças ligadas ao senador Roberto Requião, que atualmente está no comando da sigla no Paraná. Para isso, a corrente ligada ao senador, tio de Arruda e atual presidente do partido, busca uma composição com o grupo do ex-governador Orlando Pessuti, que organiza uma chapa de oposição com o nome do deputado Sérgio Souza no cargo majoritário.

Na tarde desta quinta (6) Pessuti deixou Foz do Iguaçu, onde esteve no encontro de prefeitos que está sendo realizado em Foz do Iguaçu.

“Vamos esperar  até amanhã [sexta] para uma conversa. Estou fazendo contatos no Paraná com muitas lideranças, mas se tivermos cargos de acordo com a nossa representatividade, podemos conversar”, disse Pessuti ao Portal RSN. Porém, ele não descarta a possibilidade de composição.

Para fortalecer a corrente “requianista”, o fiel confesso a Requião, o atual secretário do Diretório Estadual, Sérgio Ricci, que tinha o seu nome indicado por correligionários para sair candidato, nesta quinta feira (6) abriu mão dessa possibilidade, oficialmente.

“Como sou secretário do partido e tenho muito contato com lideranças, muitas defendiam o meu nome, mas minha posição, é a do senador Requião, ao qual tenho enorme respeito e lealdade”, disse Ricci em entrevista ao Portal RSN. O deputado Frangão também saiu publicamente contra o que chamam de “tapetão” e em defesa do grupo de Requião.

Segundo Ricci, pode haver uma composição entre ele e o deputado federal, a quem considera uma “grande liderança” no MDB paranaense.

Como se vê, o MDB aposta todas as fichas em Arruda, que já foi candidato ao Governo do Paraná. “A nossa intenção é a projeção política de João Arruda. Como ele vai ficar sem mandato a partir de 1º de janeiro, Requião abriu mão da presidência e abriu caminho para que João Arruda assuma”. Segundo Ricci, a “velha guarda”  do MDB “velho de guerra”, como se autodenomina a corrente que montou o partido no Estado, está saindo de cena, para dar lugar aos novos.

Dizendo que há uma harmonia partidária, Ricci confirma que estão sendo mantidas conversas com Sérgio Souza, para uma composição.

Porém, embora aceite a possibilidade de uma conversa consensual, Pessuti ainda guarda mágoa da intervenção que aconteceu em 2014, pelo grupo requianista, quando ele e o ex-ministro Osmar Serraglio estavam no comando do então PDMB. “Tivemos as portas fechadas e nesses quatro anos o partido só vem perdendo prefeitos, vereadores, deputados estaduais e federais e agora perdemos um senador”, disse, fazendo referência a não reeleição de Roberto Requião.

“Precisamos de um MDB mais democrático, transparente e mais participativo, com lideranças do interior e para isso estamos conversando em Guarapuava com o Ney Caldas e com Nivaldo Krüger”. Esse grupo foi preterido por Requião em prol de Cleto Tamanini, que hoje preside o MDB em Guarapuava. Krüger anunciou a sua desfiliação do partido pelo Portal RSN, logo após esse fato. Em contrapartida a sigla ganhou nomes que pertenciam à Rede Sustentabilidade, como o advogado João Nieckars e o professor Claudio de Andrade, alinhados a Requião e, portanto, à candidatura de João.

Para João Arruda o momento é de união. “Vejo grandes possibilidades disso acontecer [composição com Sergio Souza]. Não vejo motivos para um embate entre duas, três ou quatro chapas. Estamos no mesmo barco”, disse a esta reportagem . João Arruda lembra que abriu mão do seu mandato para ser candidato a Governador atendendo um apelo de todos e houve unidade neste processo. “A minha candidatura representou um processo de renovação no partido que precisa ter continuidade durante os próximos anos. Aprendemos que é preciso organizar, planejar e se antecipar. Não enxergo razões para uma divisão neste momento”. Para ele, o MDB não tem mais espaço para correntes, grupos e picuinhas. “Temos que ser uma corrente única conectada com a sociedade”.

Pessuti, porém, condiciona essa fusão, ao espaço que será dado ao seu grupo.  “Queremos uma chapa de entendimento, desde que o nosso grupo tenha espaço que corresponda à representatividade que temos. Se não houver, vamos para a disputa”, avisou.

As eleições estão marcadas para 15 de dezembro na sede emedebista, em Curitiba.

Cristina Esteche

Jornalista

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