*Reportagem atualizada para inclusão de informação às 14h20 do dia 10/05.
O Tribunal de Justiça do Paraná julgou a apelação feita pela defesa dos quatro envolvidos na Operação Sacrilégio, que investigou possíveis desvios de dinheiro na reforma da Casa de Formação de Líderes Nossa Senhora de Guadalupe, pertencente à Mitra Diocesana, em Guarapuava.
O advogado Loêdi Lisovski recorreu da decisão condenatória que envolveu o Padre Sercio Catafesta, ex-ecônomo administrador da Diocese de Guarapuava e outras três pessoas. Pela decisão da maioria, na sessão dessa quinta feira (9), embora a decisão da Corte não tenha sido unânime, os quatro condenados em primeira instância foram considerados inocentes.
Padre Sercio foi condenado pela juíza da 2ª Vara Criminal de Guarapuava, Paôla Gonçalves Mancini, a 10 anos, dois meses e 15 dias de prisão em regime fechado por apropriação indébita de dinheiro, a partir da apresentação de notas frias e superfaturadas. Além dele, outros três réus também foram condenados com penas variando entre dois anos e quatro meses e três anos e quatro meses em regime aberto.
Essas últimas penas foram substituídas por prestação de serviços à comunidade, as chamadas penas alternativas. Padre Sercio também foi condenado ao pagamento de multas no valor de R$ 66.200,00, e pode recorrer em liberdade.
De acordo com o Lisovski, entretanto, o TJ entendeu que todas as transações financeiras feitas pelo padre tinham a anuência da Diocese. “Prevaleceu a tese que o fato não foi crime já que tinha a autorização da Mitra Diocesana”, disse o criminalista.
O padre Sercio que esteve nesta quinta (9) em Curitiba para participar da sessão da 4ª Câmara Criminal do TJ/PR viajou para o Rio Grande do Sul, onde moram os pais. O bispo diocesano, D. Antônio Wagner da Silva, também esteve presente e retorna nesta sexta da capital paranaense. Neste sábado (11), de acordo com a assessoria de comunicação da Diocese de Guarapuava, ele deve se pronunciar sobre a nova decisão que inocenta o padre Sercio.
O CASO
Em 19 de novembro de 2014, a Operação Sacrilégio desenvolvida pelo Ministério Público investigou denúncias de desvio de dinheiro na reforma da Casa de Formação de Líderes Nossa Senhora de Guadalupe.
O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) conduziu as investigações que balizaram a denúncia oferecida pelo MP à Justiça. Segundo a denúncia, o grupo comandado pelo padre se apropriou de recursos do setor de obras da Mitra Diocesana de Guarapuava, apresentando notas frias e superfaturadas na prestação de contas.
Padre Sercio teria contratado três pessoas pagando valores superfaturados pelos serviços de reforma na Casa de Formação. Ainda de acordo com a denúncia, os serviços elétricos e hidráulicos geraram prejuízo de R$ 46.980,15, e a contratação do mestre de obra provocou um rombo de R$ 16.284,49. Desde o início do processo, padre Sercio se declarou inocente. O bispo D. Antonio Vagner, na ocasião, saiu em defesa do sacerdote e pediu a absolvição dos envolvidos.