22/08/2023


Balas de banana e cachaça valorizam cidades históricas do Litoral

Marcas de Antonina e Morretes no litoral, produtos têm a fabricação caprichada e dedicada dos produtores. Os turistas podem visitar os locais de produção

cachaca morretes

Balas de banana e cachaça valorizam cidades históricas do Litoral (Foto: Arnaldo Alves/AEN)

As balas de banana de Antonina e a cachaça de Morretes são marcas fortes das duas cidades históricas do Litoral do Paraná. Além disso, os produtos ajudam a valorizar a cultura da Região, e têm a fabricação dedicada dos produtores.

De Morretes, Sadi Poletto fala com entusiasmo sobre a cachaça que leva o seu sobrenome durante uma visita guiada que não demora mais do que vinte minutos. Cada frase parece treinada, cada barril de carvalho emula uma história, e cada mínimo detalhe tem um porquê dentro da cachaçaria, onde antes a Faber Castell mantinha uma indústria de lápis.”Morretes era um polo nacional de cachaça”, “morretiano, veja só, é sinônimo de cachaça”, “produzimos cachaça com grau de profissionalismo e cuidado pouco reconhecido no País”, “temos que encarar a cachaça como um bom uísque, por que não?” e “poderíamos até mesmo ter uma Oktobertfest da cachaça por aqui” são alguns dos aforismas de Poletto.

Morretes – Fábrica de cachaça Casa Poletto. N/F: Sadi Poletto, proprietário do alambique. (Foto:Arnaldo Alves / AEN.

E o que parece conto de vendedor de frases urgentes é, na verdade, uma declaração de amor de um catarinense pela cidade graciosa – e, vá lá, ao produto. A cachaça tem registros de produção no Litoral paranaense desde 1733, época do Brasil Imperial.

Assim, Dom Pedro II permitiu a instalação de um engenho em Morretes. No século 19, com a imigração italiana, mais de 50 produtores caseiros passaram a tirar da cana-de-açúcar a sua essência, rito que perdura até os dias de hoje, em menor quantidade, mas mais refinada. Por isso, alguns dicionários brasileiros indicam o verbete morretiana como sinônimo do tradicional produto do Paraná.

MERCADO

Morretes lidera a produção de cachaça do Litoral e contribui com cerca de 30% de todo mercado estadual. Conforme a Agência Estadual de Notícias, a cidade de 15 mil habitantes conta com três produtores. Eles possuem todos os registros oficiais do Ministério da Agricultura e produzem cerca de 10 mil litros por mês.

Poletto é um dos principais personagens da retomada dessa história e da conquista internacional das canas litorâneas, com os prêmios belgas que divide com a marca Porto Morretes.

Morretes é o berço da cachaça, foi um polo de valor inestimável. Tínhamos 62 produtores dentro da cidade e registros documentados do século 16. Eu anseio por esse novo momento. Quero montar uma cooperativa da cachaça, algo com notoriedade, e fazer uma Okfoberfest da cachaça no Litoral.

A casa Poletto funciona com visitação sem a necessidade de reserva antecipada e também como hotel. Essa é uma tentativa de explicar de perto a cultura, o plantio e o processo profissional de produção.

Na loja da cachaçaria, também há venda de licores de produtos locais como gengibre e banana, e a cachaça de cataia, que é uma planta típica do litoral paranaense. Aqueles que a sentem na língua chamam de uísque do caiçara.

Fábrica de balas de banana, Bananina, em Antonina, litoral do Paraná (Foto: Arnaldo Alves/AEN)

BALA DE BANANA

As balas de banana de Antonina, outro produto típico do Litoral, também pleiteiam o reconhecimento do processo iniciado em 1979 e aprimorado na década de 80. Assim, as duas principais empresas da cidade produzem cerca de 16 toneladas por mês.

A produção das Balas Bananina, as de embalagem laranjinha, ainda respeita uma tradição familiar, apesar de a empresa ter adotado um tom mais moderno com a adição de sabores. Além disso, tem o mix das balas de banana com goiabada, amendoim, abacaxi, pimenta, côco e gengibre.

A empresa de Antonina abre para visitação e aos finais de semana a média é de 500 turistas por dia. Conforme a Agência Estadual de Notícias, um pequeno corredor conta a história da família e alguns param por minutos demais na frente de uma porta que dá para a área de embalagem.

Fábrica de balas de banana, Bananina, em Antonina (Foto: Arnaldo Alves/AEN)

De acordo com a proprietária Maristela Mendes, são 75 mil balas por mês.

As famílias visitam a casa nos passeios de trem, de van, e depois retornam sozinhas com as suas famílias. O turismo no Litoral tem crescido muito nos últimos anos e especialmente nesta temporada, o que puxou esse movimento de aumentar a produção. É um produto típico que conta a história de Antonina, das nossas tradições, e também da minha família. 

Segundo ela, a família abriu um pequeno negócio na margem da bacia de Antonina, no princípio como palmitaria. Em 1986 chegaram as balas de banana, mas a empresa já existia há seis anos. Entretanto, nos anos 2000, depois do falecimento do pai de Maristela e fundador, ela começou a executar uma mudança de local que já estava planejada. A sala de visitação foi aberta há 10 anos, como parte dessa história de receber todos com um café quente.

“A fabricação de forma artesanal desperta interesse. Nossos turistas tiram fotos com as balinhas em Dubai (Emirados Árabes), Paris (França) e Brasil afora, e nos marcam nas redes sociais”, conta Maristela.

“Nós também buscamos vender em mais cidades para ampliar essa cadeia, algo que será ampliado a partir da Indicação Geográfica. Valoriza a cidade e o produto. Tem essa tendência de turismo, de não mais visitar pontos direcionados, mas alternativas e exclusividades”.

Feirinha de Morretes (Foto: Arnaldo Alves/AEN)

INDICAÇÃO GEOGRÁFICA

Cachaça, bala de banana, barreado e farinha de mandioca buscam para este ano a chancela de Indicação Geográfica do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). A chancela vinculada ao Ministério da Economia, agrega valor, amplia a visibilidade e abre mercado para os empresários expandirem seus negócios.

A Indicação Geográfica (IG) nada mais é do que a identificação que dá origem a um produto ou serviço. Após conquistado, somente os produtores e prestadores de serviços da Região podem utilizar o selo.

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Cristina Esteche

Jornalista

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