22/08/2023


Cotidiano Guarapuava

Inverno aumenta a incidência de depressão, diz especialista

Psiquiatra reforça a necessidade de apoio às pessoas que tem tendência ao suicídio. Diversos fatores têm colaborado para o aumento dos casos

suicídio

A quarentena associada a quadros depressivos e à solidão podem aumentar os casos de suicídio (Foto: Arquivo/RSN)

Ocorrências de suicídio têm aparecido com mais frequência nos boletins da Polícia Militar. Diversos fatores são apontados como possíveis causas no aumento de situações que envolvam pessoas que atentem contra a própria vida. Os índices de Guarapuava, que estavam em queda, conforme o psiquiatra Cleber Ferreira, devem ter alta em próximas análises.

Neste fim de semana dois casos foram registrados na Região. Em Reserva do Iguaçu um jovem de 25 anos tirou a vida se enforcando em uma fazenda. Ele foi encontrado por familiares. Em Guarapuava, um jovem de 19 anos se atirou do viaduto da BR-277 após uma discussão com a namorada. Desse modo, a jovem de apenas 17 anos, tentou segurar o rapaz e também quase caiu. Ele está hospitalizado.

O psiquiatra Cleber Ferreira, explicou que diversos fatores colaboram para que essas ocorrências estejam ocorrendo com mais frequência. Entre eles, o fato de que a depressão é uma doença sazonal e que se intensifica no inverno.

O aumento da incidência da doença, somado ao maior consumo de substâncias psicoativas, que comprovadamente aumentou até 30% em alguns locais durante a quarentena, deve num curto espaço trazer um aumento no número de casos de suicídio.

Além disso, o especialista destacou outros pontos que afetam neste momento. “Estudos apontam que o estresse econômico, as incertezas, solidão e a dificuldade de manter o atendimento colaboraram para o aumento significativo nos índices de suicídio nos EUA, e por isso devemos nos manter em alerta”.

AJUDA NA QUARENTENA

Desse modo, o médico explica que pequenas atitudes podem auxiliar pessoas com pensamentos suicidas. Ele aponta as ferramentas de prevenção como principais fatores neste momento. “É acolher, dar atenção, enviar aquela mensagem de bom dia apenas, para um familiar que tem um comportamento de isolamento com risco de suicídio, é compartilhar uma foto de um momento importante com um amigo que tem uma tentativa de suicídio prévia para demonstrar preocupação. São medidas simples que salvam vidas”.

Assim, outro fator apontado é o excesso de informação. O especialista pede que as pessoas passem boas notícias. Por sua vez, ele destaca que informações positivas podem auxiliar as pessoas a se manterem positivas e lidarem melhor com as incertezas do momento.

Quando as pessoas, veem que mais pessoas estão contaminadas, que mais pessoas estão morrendo, reforça o pensamento de que a perspectiva é muito ruim.

COMO FUNCIONA A MENTE DEPRESSIVA?

O psicólogo Silvio Luiz Ortiz explicou como a depressão atua na mente humana. Ele afirmou que a pessoa cria uma visão negativa, e acaba criando um “hiper foco” no que é negativo. “Como você cria a percepção de que nada dá certo, a tua mente fica seletiva para as coisas não apropriadas, comparada ao que está indo bem. Então tua mente fica altamente treinada em encontrar os defeitos e problemas”.

Desse modo, a pessoa mantém o foco no que é negativo, fazendo com que tudo o que aconteça pareça ruim. Ele explica que quando os pensamentos suicidas começam, há três fatores que predispõem para a ação.

A visão dela ao próprio respeito que deve estar muito negativa, a visão dela a respeito do mundo ao redor dela, e uma visão extremamente negativa sobre o futuro.

O próximo passo, é concluir que não há expectativa de que as coisas possam melhorar. Desse modo, esse processo vai de auto alimentando, e vai criando um desespero cada vez maior.

 TRATAMENTO

O profissional destaca a importância de se manter uma rotina. Desse modo, ele classifica que  o hábito de manter uma rotina é um aliado para estruturar atividades. “Como se fosse a coluna dorsal do nosso entendimento, organização e assim, de nossa disciplina”.

Para se adaptar a este novo cenário, é preciso construir algum fato de rotina. E principalmente, dar continuidade ao atendimento profissional indicado para cada caso.

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Cristina Esteche

Jornalista

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