O canteiro de obras fica na Vila Chimin, área de uma antiga invasão no município de Cantagalo. Mas agora o que se vê são 115 novas moradias e mais quatro em reforma. A obra de revitalização vai custar R$ 10,8 milhões para o governo do Paraná. E a previsão é que as construções sejam entregues até o fim de outubro.
Assim, com um sorriso largo no rosto, a dona de casa Silvana Aparecida dos Santos Teixeira sai apontando para as casas no meio do imenso canteiro de obras que mudou a paisagem de Cantagalo. “Eu vou morar aqui, meu filho do lado e minha irmã logo ali”.
Silvana, o marido e o filho são uma das 119 famílias beneficiadas com a casa própria na cidade. Tudo regularizado graças a uma parceria entre a Companhia de Habitação do Paraná (Cohapar), Secretaria de Estado da Justiça, Família e Trabalho e a prefeitura do município, dentro do programa Nossa Gente.
De acordo com o governador Carlos Massa Ratinho Junior, é uma iniciativa social do Estado para atender as famílias paranaenses. “Nosso compromisso é ajudar as pessoas que sonham com a casa própria. É todo um pacote com um olhar social para melhorar a vida das pessoas que mais precisam”.
ANTIGA INVASÃO
Desde 2012, os moradores da Vila Chimin ouvem histórias de que a ocupação encravada em um ponto importante de Cantagalo deveria conquistar a almejada identidade oficial. Da promessa para a realidade, porém, passaram-se anos. Assim, somente em 2019, por decisão do governador Ratinho Junior, é que o projeto ganhou corpo.
A administração municipal cedeu o terreno para o Estado que por meio da Cohapar, deu início à transformação da antiga invasão. Antes contudo, foi preciso convencer os moradores que de fato a obra sairia do papel. Foi aí que entrou a Secretaria da Justiça.
APOIO SOCIAL
Por meio de assistentes sociais do Centro de Referência de Assistência Social (Cras), os moradores tiveram apoio psicológico e emocional. E um aluguel social de R$ 480 por mês para garantir um teto enquanto as casas antigas fossem demolidas e a ocupação ganhasse cara nova.
Conforme o presidente da Cohapar, Jorge Lange, o aluguel social serviu como referência. Eles passaram a confiar que desta vez a obra seria feita. “O projeto de Cantagalo é diferente porque a ideia foi manter as pessoas no mesmo lugar, desmanchando casas precárias para construir tudo novo no lugar, com infraestrutura e urbanização adequadas”.
Lange conta que apenas quatro famílias não aceitaram o acordo, escolhendo manter as antigas residências. Neste caso, a companhia optou por reformar as unidades. “Com uma casa nova e terreno regularizado você tira a pessoa do anonimato e a devolve à condição de cidadão. E ali, por ser o mesmo local, os laços afetivos serão mantidos”.
PROJETO
São 78 unidades habitacionais de 42 metros quadrados que estão sendo erguidas. O projeto prevê ainda mais 30 construções de 50 metros quadrados, uma de 60 metros quadrados e outras seis, de 49 metros quadrados para pessoas com algum tipo de deficiência.
Além da infraestrutura urbana, com ligação elétrica, saneamento, água tratada e asfalto, a nova Vila Chimin vai ganhar um parque público com equipamentos comunitários. Além disso, área de lazer com academia, playground e pista de corrida que faz brilhar os olhos da criançada.
A nova Vila Chimin também vai ter água potável e esgotamento sanitário. Os imóveis serão interligados ao sistema de coleta de esgoto da Vila Caçula. Conforme a Sanepar, projetos em andamento vão destinar mais de R$ 3 milhões a obras de ampliação do abastecimento de água e de coleta e tratamento de esgoto em Cantagalo.
Serão implantados 10 quilômetros de rede coletora para atender mais 400 famílias com tratamento de esgoto. Atualmente, 50% da população do município conta com serviço de coleta e tratamento de esgoto.
PROGRAMA
De acordo com os critérios do programa Nossa Gente, os moradores cadastrados deverão permanecer por pelo menos 10 anos nos imóveis novos. Nesse período o município fará o acompanhamento social das famílias, inclusive em relação ao acesso das crianças ao ensino regular. Apenas depois desse tempo elas receberão as escrituras definitivas e poderão vender ou alugar o imóvel.
Assim, conforme o prefeito de Cantagalo, Jair Rocha da Silva, durante todo o processo de cadastramento e inclusão no aluguel social foi montado um comitê com moradores e integrantes da prefeitura e do Governo do Estado. “É uma revolução na vida dessas pessoas. A maioria ali não teria condição de investir na construção de uma moradia digna”.
Conforme a assistente social Juliana Barreto, foi montado um grupo de whatsapp e a assistência social monitora as 119 famílias. “Todos estão muito ansiosos para voltar. Hoje, como estão espalhados pela cidade pagando aluguel, perderam a referência de comunidade. Por isso não veem a hora de reencontrar a vila”.
MAIS MORADIA
Atualmente estão em construção 1.960 casas em municípios de todas as Regiões do Estado, além de outras 1.583 unidades em processo de licitação em diferentes estágios, o que soma 3.543 moradias. Há, ainda, 1.017 nos trâmites de contratação.
A expectativa da Cohapar é alcançar 30 mil unidades até o final de 2022, totalmente adequadas às diferentes realidades das famílias paranaenses. Isso vai ajudar a conter um déficit de 400 mil moradias urbanas.
Além disso, Lange explica que as obras são importantes para ajudar na retomada econômica do Paraná no pós-pandemia de coronavírus. De acordo com ele, uma unidade habitacional gera 2,56 empregos diretos e indiretos na cadeia da construção civil.
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