Apenas cerca de 20h após a entrada do corpo de Jucilene Aparecida Machado de Souza de 43 anos no Instituto Médico Legal (IML), é que familiares puderam fazer o velório, que começou a partir das 12h desta terça (28). Porém, a mulher que atentou contra a própria vida, morreu por volta das 14h25 de ontem (27), em casa na Vila Concórdia, no Bairro Boqueirão. Entretanto, o corpo de Jucilene deu entrada no IML às 16h35.
De acordo com o plantão do IML, os familiares conseguiram liberar o boletim de ocorrência por volta das 18h40, com o pedido de necrópsia. “Sem esse pedido não podemos mexer no corpo. Eu fiquei no IML até perto das 19 horas e esse documento não havia chegado”. Conforme um dos auxiliares de necropsia, esse trabalho leva no mínimo três horas para ser feito. Como o expediente do IML acaba às 20h, não haveria tempo hábil. “Eu posso até começar o trâmite, mas dá 20h eu abandono tudo e vou embora, porque não fico mais tempo do que sou pago para trabalhar”.
Segundo Julio Cesar Alves, irmão de Jucilene, desde às 7h30 a família já estava no IML para liberar o corpo. Todavia, idas e vindas de um lado para outro fez com que o corpo só fosso liberado por volta das 12 horas. “A gente vai no IML, vai no Central de Triagem, vai no IML. Já estamos fragilizados, ninguém tem cabeça para lidar com essa correria. Por que não centralizam tudo num único lugar”?
VAI-VEM-VEM
Para Julio Cesar, o horário do IML e a correria deixam os familiares ainda mais desesperados. “Você já está convivendo com uma dor imensa e não tem nem tempo para viver o luto. Tem que deixar o corpo numa geladeira e passar a noite em casa no maior desespero. Isso é um desrespeito, é desumano. Só quem passa sabe o tamanho da dor. A gente paga tantos impostos pra quê?
Essa não é primeira vez que isso ocorre. Qualquer família que tenha morte violenta perto ou após às 20h enfrenta a mesma situação. Contudo, essa limitação de horário para atendimento de liberação está com os dias contados. A partir de 1 de agosto, mais dois auxiliares de necropsia assumirão vagas no IML de Guarapuava. Assim, o horário será estendido até às 22h.
De acordo com o plantão do IML, o déficit está justamente nesse setor. Guarapuava conta com cinco médico legistas. Porém, segundo o plantão, o trabalho desses profissionais se limita a avaliar e assinar o laudo. “O restante tudo é feito pelos auxiliares de necrópsia”.
VELÓRIO
O velório de Jucilene está ocorrendo na residência da família na Vila Concórdia. O sepultamento será nesta quarta (29), às 9h no Cemitério Parque dos Eucaliptos.
Leia outras notícias no Portal RSN.