Guarapuava é a quinta cidade do Paraná com o maior número de abortos feitos por meninas entre 10 e 14 anos de idade. De acordo com Sistema de Informações Hospitalares do SUS, entre 2008 e 2019, portanto nos últimos 11 anos, foram 36 abortos autorizados.
O levantamento foi feito pelo site ‘Bem Paraná’ em reportagem veiculada nesta terça (18), pelo jornalista Rodolfo Luis Kowalski. A 5ª Regional de Saúde, com sede em Guarapuava, disse que essa questão é pertinente à Secretaria de Estado da Saúde (Sesa). Porém, o Portal RSN, encaminhou e-mail ao setor especializado e não obteve retorno até o fechamento da reportagem. Entretanto, a 5ª Regional confirma que esses procedimentos existem e diz que são feitos no Hospital das Clínicas, em Curitiba. “O HC é o hospital de referência para esses casos”.
Portanto, Guarapuava contribui para a soma de 104 abortos feitos no Paraná no período. Conforme a pesquisa, Curitiba nesse período teve 252 abortos, contra Ponta Grossa, com 60. Em seguida está Foz do Iguaçu (55), Colombo (50). Guarapuava está à frente de Maringá (36), Paranaguá (31), São José dos Pinhais (31) e Umuarama (31).
De acordo com o mesmo levantamento, no Paraná, a gravidez na adolescência faz parte da realidade cotidiana. Segundo o Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (Sinasc), a média de partos em meninas entre 10 e 14 anos é de três por dia.
Já no Brasil, oficialmente, ocorrem em média, seis internações diárias por aborto envolvendo meninas de 10 a 14 anos que engravidaram após serem estupradas. Entretanto, dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2019, revelam como é grave essa dura realidade. A cada hora, quatro meninas de até 13 anos são estupradas no país.
POLÊMICA
O aborto feito em uma menina de 10 anos de idade nessa segunda (17), após ter sido estuprada e engravidado de um tio, gerou polêmica. Se de um lado lideranças políticas e religiosas conservadoras, geraram protestos, de outro, o aborto foi autorizado judicialmente.
O juiz Antônio Moreira Fernandes, da Vara da Infância e da Juventude de São Mateus (ES), cidade onde a criança mora, atendeu o pedido do Ministério Público Estadual. O juiz entendeu que a gestação, além de ser decorrente de estupro, poderia oferecer riscos à mãe. Esses fatos tornaram a interrupção do aborto legal.
O tio da menina, suspeito pelo estupro, foi preso na madrugada desta terça (18), em Betim (MG) e confessou o crime. Ele disse que o pai e o avô da criança também a violentavam. Porém, ele a estuprava desde os seis anos de idade. A mãe da vítima já é falecida e ela morava com o pai e o avô.