22/08/2023
Cotidiano Guarapuava

Há conflito de informações sobre decreto, dizem comerciantes

Comunicado da ACIG provocou ação de fiscais em lojas no último sábado. Porém, entidade diz que houve acordo não cumprido em decreto

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Prefeitura fiscaliza abertura e funcionamento do comércio em Guarapuava

Um conflito de informações entre um comunicado expedido pela Associação Comercial e Empresarial de Guarapuava (ACIG) e o decreto municipal, provoca polêmica entre comerciantes. Eles reclamam que na tarde da última sexta (27) receberam a informação oficial da entidade que poderiam trabalhar, a partir de sábado (28), com as portas fechadas. Seria para o recebimento de prestações e ou entrega de produtos ‘delivery’. Essa possibilidade valeria também para lojas e não apenas o setor de gastronomia.

Entretanto, lojistas que estavam trabalhando nesse sistema foram surpreendidos por fiscais da Prefeitura. “Nos mandaram ir pra casa pra não sermos multadas. Isso é absurdo porque um nos orienta a fazer uma coisa e outro manda fazer outra”, reclama uma lojista em contato com o Portal RSN. “Não sabemos mais quem seguir. Está tudo muito confuso”, diz um lojista.

De acordo com o diretor-administrativo da ACIG, Marcos Borges, a entidade divulgou o comunicado após reunião com o prefeito Celso Góes e secretários. “Fizemos uma reunião com o prefeito e secretários na tarde de sexta, antes de sair o decreto. Ficou combinado que o comércio poderia atender com as portas fechadas e com número restrito de clientes. Seria para pagamento de carnês e entrega ‘delivery’. Entretanto, fomos surpreendidos com o decreto que é uma cópia do decreto estadual. O que combinamos não está contemplado. A palavra não foi cumprida”.

SAÚDE E ECONOMIA

Conforme o secretário de Comunicação Social da Prefeitura, Leonardo Rauen, o decreto municipal toma medidas para conter o avanço da covid-19. “O município se preocupa com a saúde da população. O que se quer é evitar o contágio que se dá pela circulação de pessoas. Mas também há uma preocupação muito grande com a economia. Na reunião de hoje vamos procurar a melhor forma”.

O prefeito receberá uma comissão de comerciantes às 14h de hoje. Vale lembrar que Celso Góes disse na sexta que o município está à beira de um colapso na área de saúde por causa do avanço da doença. Entretanto, Marcos Borges lembra que o Supremo Tribunal Federal (STF) deu autonomia para que estados e municípios encontrassem a melhor forma para medidas restritivas.

“Um município não é igual ao outro. E Guarapuava tem peculiaridades. Não se pode generalizar. Vamos pedir a flexibilização dessas medidas locais, respeitando a saúde do consumidor e de todos”.

Todavia, um dos pontos criticados pelo empresário e que encontrou ressonância na classe foi a urgência do decreto. “O decreto saiu às 17h e já valendo para o dia seguinte. Muitos empresários já somam prejuízos desde o sábado”.

Ele cita como exemplo um buffet da cidade que mostra em vídeo nas redes sociais grande quantidade de carnes, sobremesas e outros prato já prontos. Haveria uma festa no sábado e que teve que ser cancelada. “Poderiam ter dado um tempo maior. Fazer o decreto vigorar a partir desta segunda”.

SEM REPRESENTATIVIDADE

O avanço desgovernado da doença, entretanto, fez o governo recuar a flexibilização do comércio e de outras atividades consideradas não essenciais. Isso provocou uma reação da maior parte de comerciantes de Guarapuava que se organizaram em grupos de whatsApp. Eles pediram audiência com o prefeito nesta segunda (1).

Entretanto, em contato com o Portal RSN – uma das lideranças do movimento independente – disse que não se sente representada pela ACIG. De acordo com a líder empresarial que pediu para não ser identificada, Guarapuava possui mais de nove mil empresas registradas, com CNPJ.

“A ACIG possui pouco mais de mil associados. Portanto, cerca de 10% da empresas do comércio. E só depois que organizamos o movimento é que ela [ACIG] reuniu outros empresários e aderiu ao nosso movimento”.

Conforme o diretor-administrativo da ACIG, Marcos Borges, a entidade esteve em reunião com outros segmentos na manhã desta segunda. “Nos incorporamos ao movimento e vamos participar da reunião com o prefeito”.

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Cristina Esteche

Jornalista

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