22/08/2023
Cotidiano Guarapuava Rede Solidária

Ocupações irregulares aumentam cerca de 30% em Guarapuava

Em Guarapuava, perda do poder aquisitivo leva famílias a optarem entre comprar comida e pagar aluguel. Sem saída, famílias ocupam terrenos

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Uma das ocupações em bairros de Guarapuava (Foto: Junior Guimarães/RSN)

O empobrecimento de grande parte da população guarapuavana está tendo reflexos também na área habitacional. Somente nos últimos meses houve um aumento em torno de 30% nas ocupações irregulares, segundo a Secretaria Municipal de Habitação. De acordo com o secretário Fernando Damiani, esse percentual equivale a 300 casas. “Esse cenário é decorrente da perda de renda das famílias mais pobres”. Conforme Damiani, o desemprego e o fim do auxílio emergencial são fatores que contribuem para essa situação.

Dados da Habitação mostram que as famílias buscam os bairros mais distantes para a construção das ‘casas’. Dessa forma, elas surgem no Xarquinho, Industrial, Jardim das Américas, Paz e Bem, atrás do Caic na Vila Bela e no Residencial 2000. Entretanto, é possível ver barracos de apenas uma peça sendo levantados nas proximidades do viaduto na avenida Aragão de Mattos Leão.

A OPÇÃO É PELA COMIDA

É ali que o eletricista Douglas Amaral, de 28 anos, escolheu para construir o que chama de “abrigo” para a esposa grávida e o filho de três anos. “Eu sou autônomo e o serviço diminuiu em torno de 70%. Como pagava aluguel ali no Conradinho, tive que escolher e preferi comprar comida. Não tive outro jeito a não ser construir aqui”. Assim como Douglas, há outros trabalhadores que seguem o mesmo caminho.

Assim como ele, a manicure Karolyne Fogaça de 35 anos já não sabe mais o que fazer. “Meu esposo está desempregado e temos três filhos. Pagamos R$ 600 de aluguel. Eu atendo as clientes em casa e não tenho renda fixa. E com a pandemia o meu trabalho caiu muito. E como não pode faltar comida em casa, vamos erguer quatro paredes ao lado da casa da minha mãe. Lá tem um terrenão vazio há muito tempo”. Karolyne disse que está na fila há mais de oito anos à espera de uma casa.

De acordo com a Secretaria Municipal de Habitação o cadastro atualizado conta cerca de 10 mil inscrições. “É por meio dele [cadastro] que há a inserção das famílias nos programas habitacionais”, diz Damiani.

OS NÚMEROS DA POBREZA

(Fonte: Secretaria de Assistência e Desenvolvimento Social)

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Cristina Esteche

Jornalista

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