A diarista Maria Salete é apenas uma das mulheres que nasceu e viveu em ambiente de precariedade. Quarta entre seis filhas, quando completou 18 anos fugiu da vida miserável e veio em busca de emprego na ‘cidade grande’. Maria Salete morava numa localidade do interior de Turvo. “Um dia peguei o ônibus e vim para Guarapuava trabalhar em casa de família”. E foi na cidade, na “casa da patroa”, que ela teve o primeiro contato com um absorvente higiênico. “Lá nos mato a gente não usava isso. Nem sabia que existia. Muitas vezes a gente tinha paninho. Depois aprendemos a usar miolo de pão. Mas a gente não gostava dos dias do incômodo”.
Entretanto, a situação vivida por Maria Salete retrata a pobreza menstrual que atinge um universo de mulheres. Mesmo aquelas que sempre viveram em centros urbanos. Recentemente a Procuradora da Mulher na Assembleia, deputada Cristina Silvestri liderou campanha que arrecadou 30 mil absorventes. Conforme a deputada, a arrecadação destinou-se aos municípios paranaenses. Em Guarapuava os centros universitários Guairacá e Campo Real também arrecadaram absorventes.
Assim sendo, o tema que até então era tabu ganhou o debate entre os deputados. “Teve deputado que riu quando falamos da campanha. Mas depois entenderam a situação”.
SAÚDE PÚBLICA
Entretanto, falta muito pouco para que esse assunto se torne política de saúde pública. É que nesta segunda (12) a Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher da Alep aprovou o projeto de lei 944/2019. De acordo com PL, o texto determina a distribuição gratuita de absorventes higiênicos nas escolas públicas e Unidades Básicas de Saúde. A proposta é assinada pelos deputados Boca Aberta Junior (PROS), Cristina Silvestri (CDN), Mabel Canto (PSC). Além da Cantora Mara Lima (PSC), Luciana Rafagnin (PT), Goura (PDT) e Luiz Claudio Romanelli (PSB).
Conforme a Alep, os parlamentares acataram o parecer favorável apresentado pelo deputado Delegado Fernando Martins (PSL). Ele destacou a importância da aprovação do projeto. “Além de auxiliar na diminuição da evasão escolar, ajuda na redução de riscos de doenças”. De acordo com o deputado, agora, a proposta está apta para seguir para votação pelo plenário.
O objetivo é fornecer os itens de higiene íntima às adolescentes e adultas que não tenham condições financeiras de comprá-los. De acordo com a justificativa, a falta de absorventes resulta na ausência das alunas às aulas em uma média de 25 dias por ano. Assim sendo, a iniciativa garante dignidade às adolescentes nas escolas públicas. Beneficia também as mulheres que procuram atendimento de saúde, uma vez que é destinado às cidadãs em vulnerabilidade social e econômica.
Além do relator, participaram da reunião as deputadas Cantora Mara Lima, presidente da Comissão, Mabel Canto e o deputado Professor Lemos (PT).
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