22/08/2023
Segurança

Daniel deve ficar 7 meses preso no semiaberto, diz advogado

O jovem Daniel Brandalise sentenciado inicialmente a cumprir 10 anos de reclusão teve a pena reduzida pelo Tribunal de Justiça do Estado do Paraná que também modificou o regime inicial de cumprimento de pena. Em vez dos 10 anos sentenciados pelo juiz da 1° Vara Criminal da Comarca de Guarapuava após o júri popular em setembro de 2008, Daniel foi condenado pelo TJ a cumprir 7 anos em regime semiaberto. De acordo com o criminalista que atuou na defesa, Claudio Dalledone Junior, ele recorreu da decisão do juiz em relação à aplicação da pena inicial porque num homicídio simples a pena varia entre 6 anos e 20 anos de reclusão. "Esperávamos uma pena inferior a seis anos, por isso recorremos e a pena de 10 anos foi reduzida para sete", afirma.
Na matemática jurídica esse tempo cai para apenas sete meses, já que, por progressão de pena, Daniel cumprirá um sexto da condenação, ou seja, "um ano e dois meses", conforme calcula o advogado. Como Daniel já ficou preso seis meses antes de ser julgado, a pena fica ainda menor: sete meses em regime semiaberto. Depois disso, o excedente, será cumprido em liberdade.
Mas os benefícios conquistados pela defesa de Daniel não param por aí. Além de desqualificar o crime no dia do julgamento para homicídio simples quando a acusação pedia homicídio qualificado, e de ter conseguido o seu objetivo ao recorrer da pena inicial junto ao TJ, Dalledone também anulou as condenações de tentativa de homicídios contra dois jovens que estavam com o Everson Ferreira da Silva, morto por atropelamento, crime pelo qual Daniel foi sentenciado. "Daniel havido sido absolvido de uma dessas acusações e condenado em outra, mas anulamos todas e agora novo julgamento será feito", disse Dalledone à RSN. De acordo com o advogado, tudo o que a defesa pediu, foi obtido.
"Digo com segurança absoluta que a justiça foi alcançada, pois foram as vítimas que construíram um homicida", afirma.
A RSN procurou entrar em contato com familiares de Everson Ferreira da Silva, mas não obteve êxito.
A mãe de Daniel, Jocimara Brandalise, disse à RSN que a forma como o mandado de prisão foi cumprido é arbitrária. "Meu filho foi preso às 19h40 na faculdade onde cursa Publicidade e Propagada. Um oficial de justiça e dois policiais militares tiraram meu filho algemado. Vou procurar instâncias superiores", avisa. Segundo Jocimara, Daniel está na cozinha da Cadeia Pública de Guarapuava já que a juíza Corregedora dos Presídios, Christine K. Bittencourt encontra-se em licença. É ela quem vai autorizar a remoção do preso para o Presídio Semiaberto.
O juiz da 1° Vara Criminal, William da Costa, responsável pela aplicação da pena inicial contra Daniel e pela expedição do mandado de segurança já que o caso transitou em julgado, encontra-se em audiência na tarde desta terça-feira (22).
ENTENDA O CASO
O atropelamento fatal de Everson Ferreira da Silva aconteceu em 2005. Tudo começou após a vítima e outros três amigos terem saído da Danceteria Free Way às 5 horas da manhã e estavam indo para casa na Vila Bela em Guarapuava. Há duas versões sobre o fato. As testemunhas que estavam com Everson no dia do atropelamento dizem que estavam caminhando pela Rua Tiradentes, perto do Hospital Santa Tereza quando Daniel Brandalise passou dirigindo uma caminhonete Saveiro em alta velocidade, fato que teria provocado xingamentos. De acordo com os amigos de Everson, incluindo um irmão, Daniel teria feito um “cavalo de pau” na esquina e retornado por sobre a calçada onde todos caminhavam de costas. Ao perceberem o veículos correram e subiram num muro, com exceção de Everson que foi atingido pelo veículo por ter uma corcunda, o que teria impedido de correr.
Daniel e Andey Beira da Silva que era passageiro da Saveiro contam outra versão. Dizem que estavam no Posto Wouk comprando cigarros quando Everson e dos demais chegaram e começaram uma discussão, xingando-os de “playboyzinhos” e “filhinho de papai , além de chutarem o veículo. Minutos depois, Daniel, Andrey e o grupo se encontraram na Rua Tiradentes. Um dos amigos de Everson teria atirado contra o vidro de Daniel provocando o atropelamento.
Daniel foi julgado em 11 de setembro de 2008 e condenado.

Cristina Esteche

Jornalista

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