Além dos diversos problemas à saúde, o uso de agrotóxicos também pode ser fatal às mulheres. Uma pesquisa desenvolvida pela bioquímica e professora da Unioeste de Francisco Beltrão, Carolina Panis, mostra que as mulheres expostas a agrotóxicos têm 59% mais chance de ter câncer de mama do que as que vivem nas cidades.
A professora discursou nessa segunda (25) na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) e explicou a pesquisa. Desse modo, o estudo relaciona o uso de agrotóxico com o câncer de mama em mulheres expostas e esse tipo de veneno no Sudoeste do Paraná. Seja por meio da manipulação, da aplicação ou mesmo pelo contato com roupas e equipamentos contaminados.
Hoje os dados são bastante concretos e alarmantes sobre o impacto do uso de agrotóxico na população paranaense não só no Sudoeste do Paraná. Seis vezes maior do que o consumo per capta da população brasileira. O Sudoeste é uma Região extremamente agrícola, particularmente da agricultura familiar. Região que sofre exposição severa onde as mulheres fazem parte desse contexto.
Em alguns casos, Carolina afirma que o índice é 10 vezes maior do que a média nacional. Assim, a pesquisa mostrou uma diferença do que se vê na população mundial, quando detectado precocemente o câncer tem taxa de cura elevada. Isso porque, no Sudoeste há registro de 40% mais diagnósticos e 15% mais mortalidade do que no resto do Brasil. “A junção desses fatores nos fez pensar qual o risco de uma mulher ocupacionalmente exposta ao agrotóxico ao câncer de mama?”.
PESQUISA
A partir deste questionamento, a pesquisa iniciou há oito anos, com 700 mulheres atendidas no projeto. O estudo analisou o perfil clínico, dados de biopsia e questão ocupacional ou não. “Existe sim o risco aumentado de ocorrência de câncer de mama às mulheres expostas. O agravante é que é um câncer extremamente agressivo”.
Conforme Carolina, a partir desta pesquisa, identificou-se que mulheres nessas condições apresentam falhas em alguns mecanismos importantes para defesa contra tumores. Assim, entre as consequências desta exposição estão o aumento no número de casos de câncer de mama. Além da diminuição da faixa etária em que essas mulheres apresentam a doença. Incluindo a agressividade dos tumores, bem como, o aumento da taxa de mortalidade.
É importante destacar que nesse contexto, a mulher tem um papel muito importante. É ela que prepara o agrotóxico, muitas vezes ajuda na pulverização e é ela que lava a roupa que o marido usa. Então o contato com o veneno é direto.
Além disso, outro dado importantíssimo é que 94% das mulheres responderam não usar nenhum tipo de luva, máscara ou qualquer outro equipamento de proteção para manipular esses produtos.
Por isso, a pesquisadora finalizou alertando que a contaminação por agrotóxico se estende aos familiares. Já que pode haver a contaminação por pesticida no sangue, urina e também no leite materno. Assim, Carolina pediu o apoio dos deputados para que um núcleo de análise seja criado na Unioeste.
Para avançar precisamos criar um núcleo para fazer as análises. Temos capacidade operacional e técnica e precisamos de estrutura física para virar referência no Paraná.
Leia outras notícias no Portal RSN.